Publicado: Sexta-feira, 15 de outubro de 2010
O velho mestre
De um autor desconhecido, este poema dedicado à nobreza do professor, e de todos os profissionais que abraçam seu trabalho com amor, fazendo da vida uma profissão de fé e de esperança, era por mim declamado, e encenado, em minha infância, nas festas do querido Regente Feijó, em Itu, no Estado de São Paulo.
Eu, então, ficava muito orgulhoso. Hoje, homem feito, além de muito agradecido a Deus pela oportunidade, continuo muito orgulhoso por ter feito parte de uma família tão nobre, a Família Regente Feijó, que tem como símbolo um dos mais dignos homens que conheci, o Professor João dos Santos Bispo.
Sidarta da Silva Martins
Andava muito doente o velho professor.
Por isso ele já não tinha, agora,
O mesmo ardor que outrora o possuía,
E o animava dantes.
Às vezes, quando em aula,
- Havia mesmo instantes!
Em que inclinava a fronte,
Aquela fronte austera e cansada,
Onde já desabrochava a flor da primavera
E cochilava um pouco, involuntariamente.
O velho professor andava muito doente.
Mas, era tamanho o bem que nos queria
Que jamais quis pedir aposentadoria.
Era o primeiro a aparecer na escola
Com suas joviais maneiras tão simpáticas
Não obstante sentir umas dores reumáticas
Que o faziam sofrer muito, ultimamente.
O velho professor andava muito doente.
Um dia chegou mais tarde, alguns instantes.
Trazia, nas feições sérias de sofrimento,
A palidez do rosto.
Seus olhos encovados,
Denunciavam seus pesares ignorados
E, como que pra’ tornar a dor mais manifesta,
Cravara-lhe fundo uma ruga na testa,
Franzia-lhe a cara uma expressão de horror
Andava muito doente o velho professor.
A aula começou,
Mas pouco antes das onze,
O velho mestre, o bom trabalhador de bronze,
Que já perto de trinta anos, ou mais, havia
Que gigantesco herói, lutava, dia a dia
Para a glória da Pátria e para o bem da infância
Dando combate ao vício e à ignorância,
Sentindo uma dor nos agudos abrolhos
Curvou as nobres cãs, cerrou de leve os olhos.
Lá fora surgia o sol, a manhã era calma, risonha.
A natureza abria sua alma repleta de alegria,
E cheia de esplendores...
Pela janela entrava o hálito das flores,
Naquela atmosfera azul, lavada fina.
Ressoava baixinho, assim como em surdina,
Um canto celestial, harmonioso e suave,
Anjos tocando em suas harpas alguma canção de ave.
Nisso, ergue-se um aluno, um pândego, um peralta,
Fabricou de jornal um chapéu de copa alta
E... bem devagarinho,
(Que idéia travessa!)
Chegou-se junto ao professor e... zàs!
Enfiou-lhe o chapéu na cabeça.
O mestre nem abriu o sonolento olhar.
Ante aquele ato vil,
De traição!
De improviso,
Rebentou, uníssono, pela sala
Estardalhante riso.
De súbito, surgiu o diretor.
Demudou-lhe os gestos,