Olimpíadas: pra que te quero?
Desde que a cidade Rio de Janeiro foi escolhida para sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o povo brasileiro comemora, extasiado com a oportunidade de viver, dessa vez não pela televisão, um espetáculo esportivo tão intenso e inesquecível quanto esse, entretanto, na pressa em se vangloriar como ’os escolhidos’ não param, como quase sempre acontece, para pensar realmente em quais benefícios e problemas - porque eles certamente aparecerão - serão somados à realidade do brasileiro antes, durante e depois dos jogos.
Tenho visto pessoas animadas com o evento, orgulhosas do próprio país, a cada instante mais patriotas, ignorando completamente as dificuldades que sabem que enfrentaremos nos próximos seis anos - ou quatro, se considerarmos que há muito a ser enfrentado antes da Copa de 2014. Porém, é preciso admitir, essa fé, essa esperança que nos é tão característica, não deixa de ser um bom sinal, pois mostra que confiamos em nós mesmos; sabemos que somos capazes de fazer uma festa digna de aplausos e saudade, apesar de todas as ‘pedras no meio do caminho’. Essa é a nossa chance de provar que o Brasil tem competência para fazer algo tão bom quanto os tais ‘países desenvolvidos’.
Creio que a cidade do Rio de Janeiro foi uma ótima escolha, pois, de tantos lugares maravilhosos, o Rio é o que melhor representa e resume o país e será, a partir daí, a porta de entrada para o Brasil turístico, que vem se desenvolvendo cada vez mais. No ano dos Jogos espera-se, como em Sidney em 2000, um aumento de aproximadamente 15% na movimentação turística, taxa altíssima, se considerarmos o normal 1%. Com o turismo agitando a economia, é óbvio que muitas pessoas serão beneficiadas com empregos - temporários ou não - mas isso necessita de uma certa capacitação da mão de obra, uma vez que os hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais precisarão de profissionais já treinados e competentes.
O Brasil nunca foi um grande incentivador de atletas e torço para que isso mude um pouco, mas não acredito que nos tornaremos destaque em investimentos esportivos. Podemos torcer também para que a força do esporte no nosso país finalmente faça com que notem sua importância social, seu papel na educação e qualidade de vida.
Há, em alguns brasileiros mais desconfiados, o receio de que, como no Pan do Rio, em 2007, superfaturem obras públicas, esqueçam projetos, prazos e promessas. A segurança - ou melhor, a falta de segurança - do Rio de Janeiro também é uma das principais preocupações, pois não é possível nem provável que a criminalidade e o tráfico de drogas acabe até lá; felizmente, com um pouco de estratégia e boa vontade, certos problemas como esses podem ser minimizados.
Se sediar as Olimpíadas nos fará bem ou mal, só esperando pra ver. O resultado, acredito, tem tudo para ser positivo. Espero que esses dois eventos esportivos - a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 - incentivem o Brasil e o povo brasileiro a mudar, melhorar; nos incentivem a progredir, a dar o nosso melhor em alguma coisa.
E aí sim, independente do número de prêmios e medalhas, seremos verdadeiros vencedores.
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