Publicado: Quinta-feira, 30 de abril de 2009
Ontem e Hoje
Não se trata de mero saudosismo. Mas a vida em meados do século passado, ao tempo que ainda existia a chamada classe média, transcorria nitidamente com mais satisfação e tranqüilidade. Talvez pelo fato das camadas sociais denominadas de pobre, média e rica ainda se diferenciarem, e a luta pela sua nivelação estivesse apenas no começo.
Veio a reviravolta, não bem explicada, mas compreendida e que muitos apelidam de progresso, dado o inconteste e diversificado acréscimo dos bens materiais ocorridos a partir dessa época. Tais conquistas materiais, porém, tumultuaram a vida espiritual do cidadão, pois, religiosidade e virtudes tornaram-se restritas, camufladas, haja vista o crescente e incontornável problema da violência e criminalidade.
Naquele tempo, as famílias tinham vidas mais entrosadas, não existindo o descompasso motivado pelas separações, divórcios, uniões livres onde se misturam filhos, não irmãos bilaterais, pois gerados de diferentes pais, cujos avós, muitas vezes são obrigados a cuidar, salvaguardando os inocentes netos.
Não pairava no ar esse desespero ou ansiedade de se conseguir ou de se aumentar os bens materiais a todo custo. Os jovens casavam mais cedo, sem exigirem casa ou apartamento montados. O amor daquela juventude era bem forte, para o casal tudo conseguir “a posteriori” e o número de filhos estava na mão de Deus.
Hoje os casamentos são mais tardios, cogita-se do planejamento familiar e o namoro, em grande parte e infelizmente, consiste no desfrute antecipado do tálamo conjugal, nos numerosos motéis existentes.
Nos dias de hoje, a agitação e a intranquilidade, dominam os lares, pois a angustia visando o acesso aos bens materiais é premente, com os contínuos, insinuantes e convidativos apelos da mídia. Não há mais tempo para conversação em família.
Noticiários, novelas e demais programas televisivos absorvem o tempo de lazer, onde ainda se incluem os demais entretenimentos eletrônicos, atividades sociais, etc. Não se deveria reclamar do atual modelo da sociedade, pois moderno e progressista, mas o fato é que o sistema antigo com mais controle, repressões e maior destaque para os valores espirituais (honestidade, decência, respeito, virtudes), representava, induvidosamente, mais dignidade e nobreza nos relacionamentos humanos.
No terreno humanístico evoluímos, portanto, para pior. Gostaríamos e sabemos como melhorar, mas sacrifícios serão exigidos à sociedade, afogada na lassidão e permissividade dos hodiernos costumes.
Estaríamos dispostos a nos posicionar a favor de efetiva moralização dos costumes, para que a decência e a ética voltem a imperar? Os cristãos, detentores da poderosa força da oração, através dela, inelutavelmente, poderão sensibilizar a Divina Providência para que, na sua misericórdia infinita, interfira a favor dos desmotivados humanos que não conseguem se liberar do pecado e de todas suas consequências.
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