Publicado: Segunda-feira, 29 de junho de 2009
Onze de setembro
Na grande capital, o dia começava alegre, cheio de vida. Numa lanchonete uma família toma o café da manhã.
Patrick, de quatro anos, insiste:
- Eu quero um sorvete!
- Não é hora de sorvete! Tome seu suco que depois do almoço você tomará sorvete.
- Mas eu quero o sorvete agora!
- Mas não pode e acabou!
Mary está numa pracinha tranquila com o seu bebê.
O garoto dá os seus primeiros passinhos e ela exclama:
- Que lindo! Vamos contar para o Papai que você já é um homenzinho. Já sabe até andar!
Numa escola, os garotos estão tendo uma aborrecida aula de geografia. John não está nem um pouco interessado em saber onde ficam os meridianos e paralelos e faz cócegas com o lápis na nuca da garota que está na frente, fazendo-a rir, virar pra trás e ignorar a aula.
O professor chama a atenção de John e, quando se volta para escrever no quadro negro, o garoto faz uma bolinha de papel e atira na sua costa...
Willian e Sandy tiveram logo cedo uma discussão porque ele queria comprar um barco de pesca, ela queria reformar a casa e o dinheiro que tinham não dava para as duas coisas. Ele acabou zangando-se e sai puxando, com toda força, a porta atrás de si...
Gregory e Anne haviam brigado na véspera. Anne pensou que o namoro não teria volta, mas, logo de manhã, um mensageiro toca à sua porta com um lindo buquê de flores e o pedido de desculpas de Gregory...
Mas, Anne não ouviu a campainha soar, nem Sandy, a porta bater... Não haveria uma reconciliação... Nem um barco... Nem uma casa reformada...
De repente, não importava mais se John estava aprendendo geografia ou não...
A bolinha de papel não chegou a seu destino... A última travessura de John não se consumou...
O Papai nunca saberia que seu baby já sabia andar... Nem Patrick tomaria o seu sorvete depois do almoço...
De repente tudo mudou. Valores, sonhos, desejos, obrigações, promessas, mágoas, tudo se tornou pequeno diante da monstruosidade do que aconteceu.
A cidade se cobriu de cinzas, de pó, de lágrimas... E o 11 de Setembro ficou marcado para sempre com o estigma da violência, do luto, da saudade e da dor.
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