Publicado: Sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Ordenações e Ações de Graças
Ao celebrar cinco anos como Pastor da Diocese de Jundiaí, no dia 15 de fevereiro passado, novamente me reuni com minha Igreja, para uma grande festa no Ginásio de Esporte Nicolino de Lucca, transformado em Catedral. Com a presença e a vibração de cerca de seis mil pessoas, ordenávamos dois novos padres e mais quatro jovens diáconos. Tendo sido nomeado arcebispo de Juiz de Fora, servi-me da ocasião para ir me despedindo do querido povo desta Igreja Particular de Jundiaí.
Naquela magnífica celebração, preparada pela nossa boa equipe diocesana, outra vez soou aos nossos ouvidos o diálogo de Pedro com Jesus ressuscitado, narrado pelo evangelista João (cf. Jo. 21, 17-21): Pedro, tu me amas? - Tu sabes que te amo. A confirmação dupla, Tu sabes que te amo, e a expressividade da terceira resposta, Senhor, tu sabes tudo, sabes que eu te amo”, nos dão a certeza de que o coração de Pedro era de sinceridade comprovada e generosidade inconfundível. Por isso o Senhor lhe confiava a missão: Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas.
A experiência de Pedro é a experiência de todos nós que amamos incondicionalmente a Deus e por Ele nos entregamos por inteiro, deixando de correr atrás de nossos próprios interesses, para ir atrás apenas dos interesses do Mestre de Nazaré.
Já anteriormente, esta disposição de lançar-se nas mãos do Senhor e de reconhecer que somente assim vale à pena abraçar a missão se expressava em Maria, a Mãe do Salvador. Ela nos ensinou o que é verdadeira fé e o que é autêntica oblação, com sua resposta ao Anjo Gabriel: Eis aqui a Serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua palavra (Lc. 1, 38). Também São Paulo diz com todas as veras de seu coração: Meu viver é Cristo (Fil.1,21), “Tudo faço pelo evangelho” (I Cor,9,23).
Tudo isto é ressonância à palavra do próprio Cristo, que após o diálogo com a Samaritana, à beira do poço de Jacó, afirmou: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar plenamente a sua obra.” (Jo.4,34)
Sou imensamente grato a Deus de poder oferecer à sua Igreja, mais dois presbíteros e quatro diáconos para o serviço do seu povo. A minha satisfação cresce por essas ordenações terem sido realizadas na conclusão dos cinco anos de pastoreio nesta Igreja e se completa, em emoção, por saber que já estou partindo outra vez, pois o Senhor me aponta novos rumos, pedindo minha renúncia e oferecendo-me, novamente, sua graça para novos desafios.
Vejo, pelos relatos vocacionais que estes jovens escreveram dias passados, que com todos aconteceu o mesmo que com Jeremias: “Antes que te formasse no ventre de tua mãe, eu te conheci e antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta. (Jr. 1, 5) Também a cada um, o Senhor proclamava: “Não digas, sou apenas uma criança, porquanto a tudo o que eu te enviar irás; e dirás tudo o que te mandar. Não os temas, porque eu estou contigo para te livrar.” (Jer. 1, 7-8)
Vi, pelo que contaram, que pouco a pouco o Senhor foi-lhes mostrando o caminho certo a seguir, amadurecendo-lhes a vocação e dando a mesma certeza da missão que deu a São Paulo. Também estes jovens ministros, depois de uma caminhada de oito anos no Seminário, podem dizer com o Apóstolo: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza e de caridade e de temperança.” (II Tim.1, 7) e podem confiar plenamente em seu futuro, rezando: “Sei em quem pus minha confiança e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até a eternidade”(II Tim 1,12)
E eu, de minha parte, lhes repito as afirmações paulinas: “Eu te admoesto que, reanimeis a graça de Deus que está em ti pela imposição das minhas mãos...Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, mas participa comigo dos trabalhos do evangelho...” ( II Tim,1, 8)
Quando aqui cheguei há cinco anos, contei a história do sino da minha terra, que eu tocava no alto da torre da matriz, onde eu servia como coroinha. Lá eu soletrava, ainda no tempo de minha primeira alfabetização, o que nele estava escrito: “Jundiay, Arens & Cia., 1908”.
Já passei por Jundiaí, já me vou para outras plagas, já senti o carinho de Nosso Senhor de poder estar com os conterrâneos daqueles que fabricaram o sino de minha infância.
Estes cinco anos ficarão para sempre em minha história, este bom povo permanecerá indelevelmente em minha alma, em minha mente, em minha vida. Mil ações de graças ao Bom Deus!
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