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Publicado: Segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Outubro Desmente Agosto

 

O mês de outubro não vai passar para a história somente pela marca do maior percentual de todos os tempos alcançada numa eleição por um candidato a prefeito em Itu. Algo certamente extraordinário.
 
Vai outubro ser citado daqui para a frente - e não apenas em Itu mas no país no mundo - como aquele no qual se deflagrou débâcle  sem precedentes da economia mundial.
 
As Bolsas jamais dançaram tanto.
 
Existe gente que ainda assim ganha na especulação. Porém é muito maior o número daqueles que da noite para o dia se vêem indefesos diante de um prejuízo inesperado. Compor na Bolsa, mesmo para os mestres do mercado, importa saber antes que se trata de uma empreitada de risco.
 
Muito curioso que agosto passou risonho, com até muito calor em tempos de inverno, quietinho, na espreita, como a se defender da fama que lhe atribuem, com poderes de ave de mau agouro. Quem sabe doravante esses presságios maldosos não serão um pouco divididos com o mês de outubro.
 
Há que se ter piedade com tudo isso dos países pobres, que para não serem execrados ao exagero, são apelidados de emergentes ou em desenvolvimento, mas sempre vitimados pelo poderio do grupo fechado e insensível do G7, mais a Rússia.
 
Veja-se bem.
São as nações pequenas não de tamanho e sim de recursos, os focos habituais da agiotagem internacional, ávidos de fazer empréstimos a torto e a direito, ocasionando dívidas sempre maiores. Com o gravame humilhante de aqui, dia sim dia não, aportarem de pastas em punho, quais professores a conferir lições de casa de alunos do ensino fundamental.
 
Algo bem parecido, para se fazer uma comparação grosseira, de como tradicionalmente se exploram colonos em fazendas de coronéis (no Pará isso é usual), eternos devedores do patrão, que lhes fornece a sobrevivência mediante conta aberta em seus armazéns.
 
Portanto, sofrem os países alheios ao primeiro mundo, durante a prosperidade dos grandes.
 
A bomba agora, no entanto, explodiu do lado de lá, entre os mandatários da economia. Mesmo assim a ruína do caixa deles se abate sobre os desfavorecidos. Resultado: estes só podem apanhar, seja na bonança seja na crise dos poderosos.
 
O mais danoso dessa perspectiva incerta e duvidosa, são os efeitos psicológicos que ela deflagra. Todos os preços são revistos, com e sem motivo. De uma hora para outra o trabalhador e o cidadão comum tem uma redução drástica no seu ganho, pelas vias indiretas.
 
Vejam, no entanto, que ironia.
E agora falando aqui, da nossa cidade.
 
É indubitável que a ressonância da crise alcança principalmente a verba pública, que nem é grande.
 
Itu, quem não sabe, vinha vindo de um atraso de vinte anos, trinta ousam outros, em relação aos notórios avanços por todos os seus vizinhos. Mesmo a pacata Cabreúva cresceu mais nas últimas décadas, muito embora favorecida flagrantemente pela via do “bairro-cidade” do Jacaré.
 
Um surto de evolução em Itu brilhou em 2007 e se assinalou melhor em 2008. A cidade ganhou melhorias essenciais e principalmente o também “bairro-cidade” (aliás, seu próprio nome assim o qualifica!) da Cidade Nova.
 
Tomara pois esse vaticínio, de dificuldades que possam respingar nas esferas econômicas da União e do Estado, não venham afetar tanto os municípios. Do contrário, Itu pára de novo.
 
Por cúmulo da ironia, está aí, batendo à porta, a data espetacular, linda, rara, de que o município se insira no pequeno grupo de comunas históricas e com quatrocentos anos ou mais de fundação.
 
E não poderá mesmo ser festa somente de rojões, fanfarras e bandas, shows e fogos de artifício, que acabam no mesmo dia.
 
Será o instante de Itu mostrar grandeza, maior do que os folclóricos e bisonhos faróis e telefones gigantes. Algo muito mais significativo.
 
Para apenas um exemplo, o clássico aliás, o de que se erijam nesta cidade pelo menos dois ou três monumentos, pois que fatos e homens de valor e ressonância aqui não faltam. A mais perfeita avaliação do apreço de uma cidade pelos seus antepassados são justamente os monumentos que ornem seus logradouros, bem à vista de seus cidadãos e visitantes.
 
Por sinal que para eventos dessa envergadura, de ordinário, eles começam a ser planejados com mais de uma década de antecedência. Mais uma vez, nesse aspecto, Itu falhou. Que haja agora o maior empenho possível para que Itu se redima de tão penoso atraso, no pouco tempo que lhe resta, e promova uma comemoração digna dessa data. Que pelo menos desta vez, dada a importância do evento, exista um pouco de ousadia para se “pensar alto”.
 
E que outubro seja leve para todos, nos dias que lhe restam...
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