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Publicado: Terça-feira, 8 de março de 2005

Pé de laranja não dá abacate: Seja mulher com “M” maiúsculo

As mulheres são e continuarão sendo a grande incógnita do século XXI. A beleza feminina causa incômodo, a inteligência chega a humilhar, o sucesso é irritante. Isso não é uma visão feminista. É terapêutica. Através do espaço consentido, a mulher ganha hoje foco e disciplina a velha ordem natural das coisas.

Fomos acostumadas (e criadas) para romper paradigmas, preconceitos, espaços limitados. Já não pertencemos a uma geração que costurava roupas e sim fazemos parte das mulheres que costuram relações, tarefa igualmente perfeccionista.

A mulher terapeuticamente cura velhas doenças culturais, sociais e temporais e políticas. Aos poucos, impõe uma força diferente, híbrida, multifocal que conquista espaços e respeito.

A luta ainda é muito grande, mas com certeza perdeu o teor competitivo de antigamente, que destruiu tantas mulheres por endurecê-las irracionalmente. Hoje, no mundo ocidental, o exemplo vale mais que a palavra, mostra mulheres no mundo lutando por seus direitos sem querer agredir ninguém, muito menos o mundo masculino.

E creiam, não é fácil driblar filhos, vida domestica, lazer, sexo, estudos e a maldita TPM. Ao mesmo tempo em que uma mulher carrega, literalmente pelo menos 10 kg a mais numa gestação, explode de prazer por criar uma vida dentro de si, momento este que nunca os homens poderão alcançar, de tão paradoxo!

A mulher ainda merece um dia internacional, centrado numa lembrança triste de uma luta operária, massacrada por ferro e fogo. Mas, o jogo sempre vira e hoje este dia é para receber flores, homenagens masculinas, reconhecimento profissional e sorriso dos filhos.

A postura da mulher foi um remédio para a dureza do mundo, que não foi construída somente pelo poder masculino, mas também pela submissão feminina.

A exigência carinhosa, qualidade feminina, traz doçura para a as lutas do dia a dia. Sei que ainda existem mundos masculinos, mundos opressores, cautelas excessivas, desvios perigosos, e nada disso anula o lado bom de ser mulher.

Devemos comemorar o dia internacional da mulher lendo Simone de Beauvoir, Código de Da Vinci, Brumas de Avalon e outras óticas femininas. Ser mulher vale a pena, apesar dos hormônios, da rotina, do espaço restrito e apesar de nós mesmas.

Nós, mulheres parimos todos os homens do mundo e vale a pena compreender essa força. Os homens hoje resgatam no papel feminino, sentimentos, família, participação. Não precisamos abrir mão disso para sentirmos a liberdade interior.

Aos poucos, homeopaticamente, semelhante cura semelhante, homens e mulheres caminham lado a lado, construindo um mundo melhor.

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