Pare, olhe e escute
O mundo não vai acabar!
É com esses dizeres que, de quando em vez, alguém pede a outrem que tenha mais calma ou ande mais devagar, qual seja a empreitada de ambos. Bem, se vai acabar ou não, além de não se saber, certamente que não será daqui a uns dois anos, ou uns poucos meses e muito menos hoje ou amanhã.
Graça até que ande por aí, curiosamente, um boato de que seria em 2012!
Pensou?
É interessante constatar que hoje todos arranjam mais afazeres do que as horas do dia permitem, até com um inadequado curso do ciclo normal das paradas para refeições e descanso noturno.
Daí que, de experiência própria, acabou este comentarista a se ver, a si próprio, uma presa da correria desenfreada.
Aproveitou-se, por isso, mais de uma vez, para trazer a esta coluna alguns comentários – numa ousada pretensão de autoajuda – em que se sugeria viver melhor. Por exemplo, recorreu-se ao divertido expediente de desdobrar um pouco mais os recadinhos dos envelopes de açúcar União, destinados a bares e lanchonetes. Tem muita verdade ali.
Há poucos meses, outubro mais exatamente, caiu em mãos por acaso um exemplar da revista ÉPOCA, deixada num banco de aeroporto. Ao folhear aleatoriamente, deu-se com uma reportagem intitulada, “A Doença da Pressa”.
E aí veio o rol de conselhos e advertências:
- Ao fazer algo importante, evite interrupções;
- Reserve uma parte da sua energia para o prazer pessoal;
- Refeições? Todas elas com muita, muita calma;
- Confie e delegue tarefas;
- Respeite seus limites; se cansado e, em sendo possível, repouse, mesmo que seja dia claro;
Tão verdadeiras as assertivas desse estudo de três páginas, que se cuidou de multiplicá-las e distribuí-las a muitos amigos e conhecidos. Ainda existem algumas cópias. SE alguém se interessar, ainda existem dez ou doze delas.
Fosse dada a devida atenção, ao antigo Pare, Olhe e Escute, já no passado, tantos desastres teriam sido evitados.
O fato é que a gente tem tentado o quanto possível desacelerar ou também deixar de se sentir obrigado em acertar em tudo todas as vezes. O perfeccionismo, afora o dos artistas, o condiciona e cansa em demasia e o leva a pensar que só você faz aquilo bem feito. E o mais grave: pode contagiar os que lhe vivem próximos.
E quanto desajuste não advém da falta de senso, prudência e critério.
Um exemplo, o mais comezinho de todos.
Se na ingrata tarefa de arrumar a cozinha, quebra-se um prato, pode haver variadas reações, desde o início de um tremendo bate-boca ou de sonoras gargalhadas.
Tenha certeza, ganharam muito mais os que caíram em gargalhadas!
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- bernardo campos