Publicado: Quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
Paz! Quando?
“A paz! Esta grande aspiração do coração de cada homem e de cada mulher edifica-se dia após dia com a contribuição de todos...” (Bento XVI)
“O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons”. (Martin Luther King)
Ainda está no ar o “feliz ano novo”, mas deverá desaparecer em poucos dias. Esperamos, no entanto, que permaneça nos corações esse forte desejo de um ano realmente melhor, repleto o quanto possível de saúde, paz e alegria, um ano de oportunidades, de motivações; que reine finalmente entre nós o amor, a justiça, a fraternidade; que enfraqueça a ganância e a disputa, o ódio e a violência. Mas como tudo isso se realizará?
Tenta-se, o mais rapidamente possível, esquecer o ano velho, deixar tudo para trás... Bom, mas não muito... O primeiro dia do novo ano acaba soando como algo mágico, capaz de mudar tudo, de vencer a inércia da acomodação e do conformismo que o ano acabou aceitando.
Apagam-se as luzes e logo caímos na realidade: o primeiro dia do novo ano é simplesmente mais um dia, incapaz de fazer milagres.
E a paz? Esse bem fundamental para nossa vida, ameaçada por inúmeros inimigos, torna-se escassa. Cada um de nós se formos sinceros e humildes, vamos descobrir que, “por pensamentos, palavras e omissões”, acabamos co-responsáveis pela situação que ora vivemos. Fazemos pouco pela paz e, onde falta a paz instala-se mais facilmente a violência que, num ciclo vicioso, dificulta a solidificação da paz...
Paz significa estar de bem com a vida, em plena harmonia com Deus, consigo mesmo, com os outros e com a natureza.
“Eu vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz”. A paz é um dom de Deus - por isso imploramos incessantemente por ela -, mas é também nossa missão... Somos responsáveis pela paz.
E a violência? Será que nada temos com isso? Podemos estar inocentes pelas guerras, conflitos armados, pelas gangues, tráficos, etc, mas e aquelas pequenas atitudes, praticadas em nosso convívio diário - ciúme, inveja, vaidade, calúnia, fofoca, desprezo, pouco caso, asperezas, grosserias, discussões irracionais -, de que lado estão?
Muita coisa que corre solta em nosso meio desemboca no mar da violência; atitudes banalizadas pelos meios de comunicação, notadamente da televisão, são grandes responsáveis pela degeneração dos bons costumes, do respeito, da tolerância saudável. Não é nenhum segredo o modo como os programas de televisão tratam as pessoas, incluindo-se aqui as gozações dedicadas ao pobre, ao feio, ao velho, ao surdo, aos menos espertos, ao professor, aos pais... Vocabulário xulo e agressivo usado sem nenhum constrangimento, xingações e agressões como forma de “tratamento amigável”... Tudo isso “aprende-se” com a televisão e de lá irradia-se para o nosso meio, atingindo colegas, irmãos, filhos e pais, alunos e professores... Tudo com a maior naturalidade!
Como pais e educadores, temos a obrigação de desaconselhar e mesmo boicotar programas e publicações que desrespeitam a dignidade humana e estimulam de alguma maneira a violência.
Embora deliberadamente ninguém deseje a violência, acabamos tolerando uma série de hábitos e comportamentos nada pacíficos: o pai que fica orgulhoso do filho que “não leva desaforo para casa” está endossando uma cultura de violência; a implicância e a intolerância são estágios da violência; quebramos regras básicas de convivência, desobedecemos às leis, desrespeitamos direitos, ignoramos obrigações... Um palavrão aqui, um xingamento ali, um desrespeito hoje, uma insubordinação amanhã...
Seria então a convivência pacífica apenas um sonho, uma ilusão, uma utopia? É claro que não! O natural é a paz, irracional é a violência.
Sim, a paz é possível, podemos fazê-la acontecer de verdade em nosso meio, basta nosso empenho, nosso querer. Aos poucos, mansamente, podemos adotar aqui e ali pequenos hábitos e atitudes que a favorecem e oferecer resistência a tudo que possa alimentar a violência. Como diz S. Paulo, o mal se vence com o bem; igualmente, a violência deverá ser combatida pela paz, por atitudes de paz.
Caminhos de paz! Sejam esses os nossos caminhos: saber colocar-se no lugar do outro; não responder à violência com violência; promover o diálogo, descobrir e valorizar o que há de positivo nas pessoas; conhecer seus direitos, mas respeitar os dos outros; desarmar-se, procurar não estar sempre prevenido contra tudo e contra todos; evitar as discussões desnecessárias e improdutivas que só irritam; cultivar a paciência e as amizades; plantar árvores e flores; gostar da natureza, preservá-la e defendê-la; ceder lugar a um idoso ou a alguém mais necessitado; respeitar os sinais de trânsito; elogiar com sinceridade; fazer visitas aos doentes, aos parentes, aos amigos ...
Felizes os que promovem a paz! Se realmente desejamos viver bem e em paz precisamos seguir a vontade de Deus e ver os outros com os olhos de Cristo. Assim vamos percebendo que a nossa segur
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