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Publicado: Sábado, 18 de julho de 2009

Pela janela dos meus olhos

Crédito: Deborah Dubner / www.itu.com.br Pela janela dos meus olhos
Pela janela dos meus olhos...
Pela janela dos meus olhos vejo as cores do meu dentro.
Há azuis celestes salpicados de lilás, rodeados de amarelo e verde, enfeitados de vermelho. Há também dias nublados, estranhamente cinzas de esperança. Nem tudo é como a gente quer. É importante aceitar isso.
 
Pela janela dos meus olhos respiro os aromas do meu corpo.
Há cheiros doces, floridos, picantes e suaves. Mas sou também visitada pelo ocre sintético que às vezes paira no meu nariz, com sua presença indelicada. Nem sempre será como pensamos. É importante compreender isso.
 
Pela janela dos meus olhos provo o gosto da minha vida.
Gosto que me enrosco nos sabores de mel, que adoçam naturalmente o caminho por onde passo. Mas o caminho é feito de doce e amargo, e por vezes resisto pisar nas pedras salgadas. Mas os dissabores são também mestres, é importante aprender com eles.
 
Pela janela dos meus olhos ouço a música da minha alma.
Há sons de pássaros e vento, canções de voz, tambor e violão. Embarco nas asas que dançam a liberdade do meu ser e me entrego. Não há música feia, apenas triste, que por vezes me abraça com melancolia e suspiro. Mas certas canções são tão belas porque vivem corajosamente a dor. É importante honrar todas as canções, sejam elas pretas ou azuis.
 
Pela janela dos meus olhos sinto as texturas da minha pele.
Os poros abertos recebem com leveza as impressões digitais do ar, do fogo, da terra e da água que me tocam. Mas às vezes se fecham diante do inverno que congela a quentura do coração. Sei que as quatro estações do meu ser são igualmente verdadeiras e precisas. É importante não esquecer disso.
 
Há manhãs de sol que me anoitecem. Mergulho noite adentro, ainda que o amarelo brilhe lá fora. Visito os porões dos meus quereres sem querer, mas não desisto. Simplesmente procuro aprender. E agradeço.

Afinal, a luz nasce na escuridão.
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