Pesquisas
Uma das maiores fontes de fakenews são as tais pesquisas eleitorais. Na minha opinião de cidadão e eleitor, as pesquisas deveriam ser banidas do nosso cenário eleitoral. A meu ver, não contribuem para exatamente nada, nadica de nada. Servem somente como instrumento de (anti) propaganda, negociatas entre institutos de pesquisa e partidos, bem como para causar desinformação e confusão no eleitorado.
Há sempre quem argumente que as pesquisas são uma bela prestação de serviço aos eleitores. Balela, mentira pura. Todos sabemos que, no Brasil, a grande maioria das pessoas define seu voto faltando quinze dias para a eleição. Então, por que essa mania de iniciar pesquisas um ano antes do pleito? Qual é o interesse nessa prática? Informar o eleitor não é, acredite.
Num país de mentalidade política corrompida, como é o nosso, todos os que trabalham ou já trabalharam em alguma campanha eleitoral (como é o meu caso) sabem que sempre há duas pesquisas: uma interna, retratando a realidade; outra externa, que é a que vai para as páginas dos jornais. Institutos nada idôneos combinam sem o menor pudor a melhor maneira de publicar a pesquisa que mais lhe interesse na mídia. É quando marqueteiros políticos e militantes disfarçados de jornalistas andam de mãos dadas para dizer ao povo qual candidato é o melhor, qual é o que está na frente, quem merece ganhar.
A enorme variedade de métodos utilizados nessas pesquisas também gera grande fator de dúvidas. Por mais leigo que eu possa ser no assunto, não me convence uma pesquisa feita com 3 mil pessoas sendo que temos um eleitorado de quase 150 milhões de votantes. É preciso ter muita fé nas tais das “amostragens”. Pesquisa por telefone? Sei não. E os que respondem ao contrário, só de birra? Sem dizer que, nas seis eleições das quais participei votando, muitos conhecidos e eu jamais fomos entrevistados uma única vez sequer por qualquer instituto de pesquisa. Será que entrevistam sempre os mesmos?
Além dos argumentos acima expostos, vale lembrar a triste realidade dos erros crassos cometidos por pesquisas em nossa história recente. Destaco dois casos, fáceis de lembrar e de conferir. Primeiro, em relação às eleições presidenciais norte-americanas. De acordo com as pesquisas, a candidata Hillary Clinton venceria o candidato Donald Trump em qualquer cenário, até mesmo em Júpiter. E aconteceu o que? Justamente o contrário! Empossaram o Mr. Trump e os tais institutos de pesquisa não sabiam onde enfiar a cara. Foi hillário!
Em terras tupiniquins, os institutos de pesquisa cravaram um segundo turno entre Haddad e Marta para a prefeitura de São Paulo. Então veio João Dória, que sempre apareceu em quarto lugar nas amostragens, para ganhar a disputa. E no primeiro turno! Um tremendo vexame para os tais pesquisadores! O mesmo aconteceu em relação a inúmeras candidaturas espalhadas pelo Brasil. É muita condescendência ignorar ou passar panos quentes em erros tão grandes.
Enfim, não creio em pesquisas. A favor deste ou daquele candidato, não creio. Neste ou naquele cenário, não creio. Crer nelas é exigir de mim uma ingenuidade e um desconhecimento que já não possuo. A única fonte válida de ser pesquisada é a realidade. Avaliar a verdade do que acontece ao nosso redor vale muito mais do que qualquer matemática ou estatística. Na vida prática não há isso de dois pontos para mais ou para menos.