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Publicado: Domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pierre Fatumbi Verger

Pierre Fatumbi Verger
Fundação Pierre Verger

Parece que esse estágio em terras de Vera Cruz vai se prolongar mais ainda!!! Que prazer poder redescobrir o próprio país... tantas coisas bonitas acontecendo, sempre se sobrepondo ao mal...

Tive o prazer de conhecer Salvador e olhar para além dos roteiros turísticos. A cidade é um oásis de história, de beleza arquitetônica e de diferentes paisagens. Não deixa, por isso, de sofrer com o abandono, com falta de acesso educacional ou interesse cultural.

O seu passado canta e encanta com cenários que já se deterioraram.  Não posso afirmar qual a porcentagem de pessoas que dão continuidade ao estudo e divulgação “daquela” Bahia; não esta que é vendida pelas agências de turismo.  Sem dúvida esse número precisa aumentar. Necessário se faz despertar as pessoas para a riqueza do seu passado, da sua história, das gentes que povoaram esta cidade.

O Pelourinho, Elevador Lacerda, Mercado Modelo, Baía de Todos os Santos, Forte de São Marcelo, Casa Jorge Amado, Museu da Cidade, Praça Castro Alves, Igreja do Senhor do Bonfim, e tantos outros ícones da cidade estão lá, certamente, mas senti falta de algo mais genuíno.  

No meio de toda essa descoberta fui apresentada a uma pessoa que desenvolveu um trabalho de maestria... de paixão... de doação: Pierre Verger, francês errante que se radicou em Salvador de 1946 até sua morte, em 1996.

Verger vinha de uma família abastada da França, mas ele em nada se identificava com a sociedade de sua época, e desde muito cedo correu o mundo com sua Rolleiflex, explorando tudo o que lhe interessava. Como historiador autodidata, foi um dos mais importantes pesquisadores da história África-Brasil do século XX.  

Desembarcou na Bahia em 05 de agosto de 1946, iniciando então sua paixão pelas paisagens e, não menos, pelas pessoas e seus costumes.

Sua obra “Retratos da Bahia” reúne fotografias do período de 1946 a 1952. Uma vez que seus registros eram apenas ‘coisas que lhe interessavam’, se torna impossível separar autor e obra, sendo parte importante do acervo iconográfico da cidade.  

O que me surpreende em sua obra e em sua trajetória é sua simplicidade, modéstia, seu envolvimento com as pessoas, com os lugares, a maneira de pegar o ângulo certo, ‘registrar o momento’ era o que sabia fazer de melhor. Essa sensibilidade me tocou e aguçou minha curiosidade.

Evidentemente acabou se envolvendo pelo fascínio do candomblé, sendo Fatumbi seu nome nesse meio, que significa “aquele que nasceu de novo, pela graça de Ifá”.

 Transcorrer pela sua vida e obra seria um prazer, mas deixo vocês com essa curiosidade, recomendando uma vasta pesquisa sobre o assunto, inclusive há o site da sua Fundação (tive o prazer de visitar e fica situada na sua última residência, onde hoje são realizados inúmeros projetos): http://www.pierreverger.org.

Vale a pena debruçar-se sobre o tema e descobrir alternativas ao turismo de massa.

(Essa história não existiria se eu não tivesse acesso a obra de mestrado “Uma visão de Salvador através das lentes de Pierre Verger”, de Wallace Coelho.)   

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