Platônico, de Ana Luiza Savioli
Num desses encontros fortuitos da vida, caiu em minhas mãos o livro "Platônico", de Ana Luiza Savioli. Foi um presente de sua mãe, Nanci. A obra foi lançada na Bienal do Livro deste ano. Houve até mesmo uma noite de autógrafos em Itu.
Quem me conhece sabe que romances não são meu tipo preferido de leitura. Mas fiquei surpreso com a escritora precoce, de apenas 20 anos. E fiquei também curioso com o fato de uma estudante de Ciências Biológicas que trabalha com Biologia Molecular dedicar-se tanto à escrita.
O livro tem dois personagens centrais. Henrique, professor de Filosofia, casado, pai de uma menina de 17 anos. E Sophia, estudante de 17 anos, aluna de Henrique. A menina nutre pelo mestre um amor platônico, que serve de mote para o título.
A trama tem alta carga dramática. Mexe com um grande trabu, que é o relacionamento entre um homem de 40 anos e uma garota de 17 anos. A história apresenta também uma grande tensão sexual entre os personagens e lembra um pouco os romances psicológicos de Dostoiévski. Há paixão, sexo, traição, tragédia, amor, etc.
A narrativa é muito boa, com palavras bem colocadas, diálogos bem feitos, descrições minuciosas e citações. O elemento surpresa também agrada, com reviravoltas tanto na vida de Henrique quanto na de Sophia. Em alguns momentos aparece um ou outro clichê. Mas, pensando bem, a vida é ela mesmo um grande clichê.
O bom romance é aquele que conta uma boa história e nos impele a acompanhar a sina dos personagens. Quanto a isso, "Platônico" cumpre muito bem a missão. Mesmo não sendo fã do gênero, não consegui desgrudar-me de sua leitura. Li as 230 páginas em menos de uma semana...
Não posso dar detalhes, sob risco de estragar o efeito surpresa de quem desejar ler a obra. Se fosse possível, teria outras coisas a comentar. Fato é que, caso decida continuar no ramo, Ana Luiza Savioli tem futuro. Espero que ela saiba não se prender apenas ao drama e ao romantismo, brindando os amantes da leitura também com outros gêneros.