Pra que exagero?
Depois de assistir ao último "Todo Mundo em Pânico", tive uma decepção muito grande. Do primeiro filme(que apesar de non-sense era engraçado), o título vem piorando cada vez mais. Piadas repetidas, humor de qualidade duvidosa, cenas sem a menor graça, resta mesmo rir das famosas paródias. Parece que conseguiram aglomerar uma porção de cena de outros filmes que não deram certo, e juntaram neste aqui.
Ao pesquisar no acervo do blog Cinemacultura, decidi conhecer um pouco de Charlie Chaplin, um diretor/ator que muitos falam, mas poucos conhecem de verdade. Sempre me perguntei como é que alguém conseguia fazer um filme, que além de não ter cores, era mudo. Talvez funcionasse para os mais parados, eu imaginava. E que engano!
E já era de se esperar que eu começasse pelo mais famoso, pelo mais cobiçado e comentado "Modern Times" (Tempos Modernos). Contemporâneo, Chaplin esteve a frente de todos os homens à sua época, quem dirá os de hoje. Nesta obra, definiu padrões que seriam “imitados” no cinema até a atualidade, desde ângulos de câmera até o formato de sua comédia crítica. E é aí que focalizo este texto. O que programas e filmes do nosso tempo tentam com todo o apelo e humilhação possíveis, o branco e preto conseguiu fazer melhor. E não estou querendo soar conservador, antiquado, pseudo-intelectual ou qualquer coisa do gênero. Pelo contrário, de todos os filmes dessa época que assisti, esse foi um dos únicos que consegui acompanhar até o fim sem dormir. Pra que vulgarizar mulheres? Expor os pobres, os ignorantes, e até mesmo “brincar” com o racismo? Nunca fui desses que enxerga racismo em tudo, mas qualquer um sabe que o gênero da comédia é amplamente explorado em suas piores vertentes, hoje em dia, o conhecido “Humor negro”, deixando a faceta mais inocente em segundo plano, esta considerada “ultrapassada e sem graça”, para muitos. Pois desafio a todos: assistam meia hora de TEMPOS MODERNOS sem rir. Não é simplesmente o riso por si só que se encontra ali, mas toda a crítica a que se submete o contexto.
O tema
Assisti outro filme que aborda mais ou menos o mesmo tema, e não me agradou, apesar de ser bem visto pela crítica em geral: Metropolis (Fritz Lang, 1927). O árduo trabalho do homem, que é exposto a uma vida “secundária”, em prol de uma minoria privilegiada. Não pretendo vincular meu post à nenhuma crítica social, e sim me manter no assunto COMÉDIA. Só citei a relação pra compararem as coisas.
Evolução ou involução?
Essa mudança de hábito talvez (?) tenha alguma relação com o nosso mundo de hoje, que obviamente mudou muito desde 1936. Outra mentalidade, outros padrões, outra história. Mas será mesmo que mudamos tanto assim? Será que esse filme, que é tão usado em discussões acadêmicas e no meio intelectual, está ultrapassado? Nao quero parecer trágico nem exagerado, mas o sucesso adquirido com as porcarias das quais rimos nos dias de hoje só me faz pensar que o ser humano está cada vez menor. E quanto!
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