Presentes, e presentes...
Nossa vida é cheia de datas, umas boas, outras nem tanto. Há datas para todos e para tudo. Deveriam sempre servir para comemorações, justas homenagens e tomadas de consciências.
Destacaria aqui os pais, os professores, os sacerdotes, cujas atividades, mais do que cuidar, envolvem a educação, a construção de valores, a formação do caráter, da personalidade.
Todos eles têm o seu dia, mas o reconhecimento que merecem resume-se muitas vezes num presente, num parabéns ou nem mesmo isso.
Por falar em presentes, as maiores datas pessoais foram assumidas pelo comércio que aproveita para aumentar as vendas. Tudo passou a circular em torno dos presentes. Ficou fácil: bastam eles.
Natal, dias das mães, dos pais ... e o Dia das Crianças, os campeões comerciais.
Todos importantes e merecedores de presentes, mas quais presentes?
É claro que a força da propaganda fez a cabeça do povo: presente é algo material, comprado. Desde criança somos “domesticados” com essa cultura, com essa obrigação de dar presentes. Muita gente vê nisso a salvação da consciência, a compensação pelas omissões nos outros dias, através de presentes generosos.
É claro que as crianças ficam contaminadas.
Então, perguntaríamos: do que realmente nossas crianças precisam, quais são seus reais direitos?
Abalou-se tanto o valor da vida, o respeito por ela, que poderíamos dizer que nascer, muitas vezes, já é uma dádiva. É uma bênção nascer dentro de uma família bem constituída. É um presente nascer num lar cristão, num lar onde o amor é a linguagem. É um enorme presente ter pais apaixonados, desfrutar do seu amor. O resto é o resto.
Na música “Utopia”, Pe. Zezinho canta assim: “Há tantos filhos, que bem mais do que um palácio, gostariam de um abraço e do carinho de seus pais. Se os pais se amassem, o divórcio não viria; chamem isso de utopia, eu a isso chamo paz”.
Infelizmente muitas crianças não contam com verdadeiros pais; gostariam de pais presentes, muito mais do que de presentes. Pais que criam, amam e educam.
Embora sem desprezar os presentes comerciais, que agradam as crianças, Pe. Sebastião Sant'ana, SDN, escreve que: “o melhor presente do pai para o filho é amar muito a mãe; o melhor presente da mãe é amar muito o pai. Não há nada que dê ao filho tanta segurança e equilíbrio emocional e que o faça crescer feliz e com personalidade ajustada do que perceber esse amor apaixonado entre seus pais.”
Não há dúvida, precisamos presentear nossas crianças com bens que duram para sempre, com uma boa e sólida educação; sua vida vai depender muito dos valores aprendidos pelo exemplo dos pais.
Cristo, em seu Evangelho, chama nossa atenção para as crianças: “ … quem recebe em meu nome uma criança, é a mim que recebe. Não desprezeis nenhum desses pequeninos...”.
O Dia da Criança é sempre uma oportunidade para refletirmos sobre o tratamento que dispensamos às nossas crianças, não apenas em âmbito social, mas sobretudo no interior das famílias.
Que ele seja um alerta, um despertar para a situação da sociedade e para a responsabilidade que temos para com essas criaturas; diz um ditado que “os filhos são aquilo que os pais querem que sejam” ao que acrescentaria: o futuro da humanidade vai depender do que estamos fazendo com nossas crianças, se estamos forjando adultos íntegros, cidadãos honestos e conscientes, pessoas comprometidas com o amor e com o bem comum; se estamos educando para a vida, para a justiça e para a paz.
Parabéns às crianças. Deus as abençoe e guarde.