Colunistas

Publicado: Sábado, 24 de dezembro de 2011

Presentes no Natal e férias em janeiro

Presentes no Natal e férias em janeiro
O presente eterniza a emoção da noite de Natal!!

Gosto da troca de presentes no Natal e por isso, também, sinto-me consumista. Às vezes compulsiva, alienada, envergonhada, mesmo. Quase sempre gasto demais, passo dos limites, tanto do bom senso, quanto dos cartões de crédito.  Não ligo para presentes caros, nem tampouco para marcas e grifes famosas. Gosto mesmo do desafio da empatia; ou seja, do exercício de buscar o presente certo, que encante e emocione quem recebê-lo. Colocando-me no lugar do outro, sou capaz de passar horas escolhendo o que comprar. É como um jogo... É isso: o clima natalino é um jogo inteligente, ao mesmo tempo em que instiga e desafia; vicia. E nos delicia! 

Por isso, e ainda que pareça desculpa boa, quero defender e livrar a culpa de quem, como eu, passou dos limites e gastou demais. O Natal é tradição, une a família, espiritualiza e encanta a relação e nessa emoção, presenteamos as pessoas que gostamos. Mas, por quê? O que isso quer dizer?  O presente representa gratidão. É como dar vida ao sentimento... No gesto simbólico, o agradecimento ganha tom, cor, cheiro e forma. E sela a alegria. 

A alegria mora na alma: por isso a humanidade, desde os primórdios, repete o ritual da troca dos presentes. Quando a alma desfruta do prazer da alegria, deseja repeti-lo infinitamente; ela quer repetir o poema que a emocionou, o abraço, a comida, o perfume, a ideia, o pôr-do-sol, a paisagem... O nosso desejo materializado num objeto é esse: eternizar a alegria da alma e permitir a emoção repetida na noite de Natal.

                                           xxxxxxxxxxxxxxxxx

As férias de janeiro se aproximam e com ela uma vontade imensa de fazer as coisas do coração. Coisas do coração são aquelas que fazemos voluntariamente: são livres do tempo, do prazo, da pressa e pressão. 

Das muitas coisas do coração, a que mais aquece a alma, pelo menos a minha, é a preguiça afetiva. Explicando melhor, é quando podemos estar mais tempo, sem fazer nada, com as pessoas que gostamos: pai, mãe (para quem ainda os têm), filho, marido, namorado ou amigo. 

Por isso as férias são valiosas. Mas não é só isso. Além do tempo livre, do afeto e da preguiça, as férias também podem ser usadas para ampliar os saberes...  Calma, não vou indicar nenhuma leitura científica ou documental; nem mesmo revisão escolar, como sugerem alguns professores aos seus alunos. Desejo apenas justificar que quase sempre aprendemos mais e melhor na liberdade... E no afeto. E os especialistas sabem disso.  São muitas as defesas teóricas de que a aprendizagem de fato só acontece quando o envolvimento com o objeto do conhecimento é significativo. E o que pode ser mais significativo do que a circulação de afetos? 

O que quero dizer é que quando alguém que eu admiro me ensina alguma coisa, ou quando um determinado assunto é de meu total interesse, minha mente se abre para receber esse conhecimento com excelente aproveitamento. Não é à-toa que alunos aprendem mais com professores afetuosos e admirados, que sabem criar laços, ouvir e compreender.  Aliás, são muitas as escolhas profissionais inspiradas num bom professor defendendo, em sala de aula, sua área de conhecimento.   

Pois bem, dessa forma podemos entender que as férias de janeiro, para quem souber aproveitar, são na verdade um grande laboratório de aprendizagem. Nelas, a conversa sem compromisso, o livro saboreado sem pressa, o debate filosófico e a preguiça afetuosa se transformam, com muita facilidade, em saberes para vida toda.   

Então, vamos às férias... E bons “saberes” para todos nós!

Comentários