Publicado: Sexta-feira, 17 de abril de 2009
Pressa
Tenho andado meio desgostosa com o rumo das coisas.
Tudo e todos num ritmo frenético, desesperado, rápido demais pra mim.
Até tento acompanhar a rapidez tecnológica, por exemplo, mas meu bolso e eu, definitivamente não andamos no mesmo ritmo econômico, infelizmente.
Se acha que estou a exagerar, olhe em volta, dê uma checada na agenda, ou no velho e bom lembrete na porta da geladeira, e confirme quantos encontros, consultas, horários, visitas e compras têm marcado para a semana. Isso sem contar levar às crianças a escola, depois buscar, levá-las ao inglês, passar na escola de natação pagar mensalidade, ir ao supermercado, quitanda, padaria, pagar contas no banco, passar na casa dos pais e ainda arrumar um tempinho entre o preparo do jantar do marido e a novela, pra fazer depilação, afinal fim de semana chegando e ninguém merece ser comparada a Conga do Playcenter.
Todo mundo anda com pressa, já percebeu? Todo mundo sempre atrasado, com horário apertado. Todo mundo corre, corre, mas nunca chega no horário, coisa que não entendo. Se estava com pressa, por que não saiu mais cedo, simples afinal!
As pessoas têm pressa pra se trocar, para arrumar emprego e namorado, até pra se alimentar. Eu sigo acreditando no velho e bom, slown food way of live. Movimento que já arrebanha milhares de pessoas pelo mundo, iniciado na Itália lá pelos anos 80. Ele prega a ‘calma’, como etapa indispensável para uma alimentação adequada. Eu vou mais além, prego também para a nossa vida, um pouco mais de calma a todos, não deve fazer tanto mal assim.
Mesmo a noite, horário em que deveríamos ter desacelerado um pouco, o cenário pouco muda. Moro em apartamento, 14º andar, e digo, a pressa com que moto boys passam, voam, melhor dizendo é de assustar. Sem dizer o rastro barulhento que deixam pra trás. Se não bastasse, não termos mais a penumbra noturna a nos acalentar o sono, uma vez que a cidade com suas, luzes, luminosos, propagandas que não se apagam, tornando nossas noites, dias, o barulho gerado durante as madrugadas é de doer.
Voltando a pressa. A sua, por que a minha anda até bem controlada, as vezes. Não temos tempo para nada. Nem cafezinho com as amigas, nem passeio ao zoológico, volta pelo centro da cidade aos finais de semana, surpresinhas românticas, sorvetinho sem compromisso, nada mais dá tempo.
Até para cozinhar andamos sem tempo, ou deveria dizer sem vontade? Eu curto cozinhar, meu biótico não nega, veia italiana dá nisso, toda reunião que se preza é feita na mesa da cozinha. Gosto da idéia de pensar no cardápio, ir ao supermercado, escolher os melhores ingredientes, preparar a refeição, apreciá-la lentamente. É todo um ritual que só quem gosta de cozinhar entende. Infelizmente, nem sempre esse ritual todo diz respeito a uma leve salada de folhas verdes.
Dizem que a pressa é a inimiga da perfeição. Não acho que podemos aplicar essa máxima a tudo, mas algumas coisas, sim.
Acredito que para certos momentos o relógio, o tempo, deveria andar mais devagar, para podermos aproveitar melhor nossos pais, nossos namorados, nossas viagens, festas, verões, milk-shakes. Parecer que as coisas boas e bons momentos acabam rápido demais! Haja memória pra reviver tanta coisa legal.
Para outras, na maioria coisas chatas, o tempo se arrasta, o bendito relógio parece que faz de propósito, o ponteiro não sai do lugar. Aulas de matemática são sempre meu exemplo clássico para momentos como esse. Dentistas, ginecologistas, e todo espécie de ‘istas’ que existam, também fazem parte dessa categoria.
Eu particularmente gostaria, que o tempo andasse bem lentamente, em momentos prazerosos, como quando minha mãe faz bolo, de preferência o de fubá com côco. Todo mundo, mesmo quem não tem uma mãe prendada como a minha, sabe o cheiro delicioso que invade a casa e a alma quando o bolo está no forno e o quanto esse aroma e o calor da cozinha nos proporcionam momentos de intensa felicidade.
Mas dura pouco. Em pouco tempo já comemos o bolo e o cheiro se foi. Agora vá ao dentista fazer um tratamento de canal por exemplo. A dor e o desconforto farão parte da sua rotina nos próximos dias e noites. Coisa mais injusta!
Queria ter mais tempo, para simplesmente, parar de me preocupar tanto com ele.
Como infelizmente não temos o poder de mudar o andamento do tempo, sugiro que pensem a respeito de como gastam as horas de seus dias. Encontrem tempo para passear, para agradar a esposa, para o trabalho claro, para as obrigações, mas sem esquecer dos prazeres da vida, sejam eles quais forem, cada um sabe de si.
Aproveitem meus caros, por que infelizmente o tempo “ruge”, como diz o outro!
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