Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 19 de maio de 2008

Psicoterapia? Que bicho é este?

Muitas vezes as palavras difíceis assustam, mas a psicoterapia é mais simples do que se pode imaginar.

Quando se fala em psicólogo, psicodrama, psicoterapia, psicanálise, psiquiatria, e todas estas palavras que começam com “psi”, a gente sempre pensa em duas coisas: a primeira, que “psicólogo é para louco”. E a outra coisa que a gente sempre lembra é daquela cena de uma pessoa deitada em um divã e um “doutor” sentado com um caderninho de anotações nas mãos.

A boa notícia é a seguinte: estas duas idéias são absolutamente descartáveis nos dias de hoje. Estamos no século XXI. Sejam bem vindos! Em primeiro lugar, não é só louco que precisa de psicólogo. Aliás, o próprio conceito de loucura é mais do que descartável.

Atualmente, a idéia de loucura já não é mais assustadora como era antes. Com a falta de medicamentos e tratamentos adequados, as pessoas com algum distúrbio mental, antigamente, eram colocadas à margem da sociedade. Todo mundo tem medo daquilo que ainda não conhece, não é mesmo? Todas aquelas pessoas eram colocadas num mesmo balaio ou, bem dizendo, todas numa mesma prisão, numa mesma categoria.

Hoje em dia, estas figuras não existem mais. Finalmente, a sociedade evoluiu e pessoas diferentes, umas das outras, são tratadas de maneira diferente e no convívio da sociedade. Aliás, diga-se de passagem, ninguém é igual a ninguém no mundo. E olha que somos mais de 6 bilhões de pessoas... Em 2050, seremos mais de 9 bilhões... Uau!

Bom, voltando ao tema deste artigo, quero dizer que a psicoterapia, hoje em dia, vem socorrer a sociedade que tem suas instituições muito inflexíveis e acabam prendendo e isolando pessoas ao contrário de prezar pela capacidade que todo ser humano tem de expressar suas idéias e sentimentos.

Na psicoterapia, a pessoa além de se conhecer mais profundamente, pode começar a dar pequenos passos na direção daquela pessoa que sempre desejou ser. Na psicoterapia de grupo com enfoque psicodramático, por exemplo, este ensaio de uma nova vivência, de uma nova vida, é muito divertido e leva a pessoa a, rapidamente, realizar mudanças significativas na sua conduta social. É a pessoa que escreve o “script” da sua própria vida, de seu próprio drama e não são as instituições às quais a pessoa pertence, seja sua religião, sua família etc. que escrevem estes roteiros.

Portanto, a psicoterapia é uma instância social de libertação! Libertação de prisões que, muitas vezes, nós mesmos nos colocamos.

Vale dizer que não é somente a psicoterapia que tem este papel na sociedade. Muitas outras instituições, quando promovem reflexões profundas sobre questões históricas, sociais e de relacionamento, também propiciam o desenvolvimento intelectual e emocional de seus participantes. Eu poderia tentar enumerar todas elas, mas não teríamos espaço aqui. Fica somente como exemplo, as práticas consolidadas de grupos com os Alcoólicos Anônimos, que possuem grande credibilidade e relevância social.

Há inúmeras formas de se desenvolver afetivamente para manter a fé na vida e nas pessoas com que a gente convive. Muitas pessoas são felizes, porque gostam do trabalho que fazem e das pessoas com quem trabalham. Outras são muito felizes com a religião que praticam e vivem bem com as pessoas que freqüentam a mesma religião. Outras ainda são muito felizes com a pessoa que escolheu para conviver e gosta da vida em família. E, por incrível que possa parecer, há quem seja feliz em todos estes campos da nossa vida. Feliz no trabalho, na família, na religião etc.

No entanto, há algumas pessoas que acabam esbarrando em algum problema num destes campos. É para esta pessoa que nós, psicoterapeutas, trabalhamos.
Comentários