Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 17 de abril de 2015

Puro "non-sens"

Os movimentos de rua, em voga como nunca, pelo menos no sentido de surgirem repetidamente e sem uma definição clara no significado dos reclamos, acabam por configurarem o mais desordenado dos equívocos. Insensatez.

A mole humana ganha praças, ruas e avenidas, como se fora um amontoado disforme e impreciso, no qual vale e avulta principalmente a gritaria, além de cartazes e faixas de inspiração pobre, quando não meramente agressivas.

É de uma semana, pouco mais talvez, o resultado de pesquisa promovida por mídia conceituada, em que se apurou, por exemplo, que elevado percentual dos questionados em passeatas, simplesmente ignorava o nome do Vice-Presidente da República.

Não sabem que para uma substituição pura e simples de eleitos ao executivo, existem hoje regras definidas. É que, com facilidade, todos imaginam que qualquer êxito se obtém apenas no grito.

Compreenda-se – e isso se admite – que o povo em si perceba e sofra as consequências da fase crônica e grotesca de que culpados, são mesmo os senhores políticos. E, desse plantel, escolha você mesmo o nome da meia dúzia de impolutos. Se conseguir mais de meia dúzia, espalhe o nome deles, por favor.

Trocar por trocar? Sequer o ordenamento jurídico o permitiria, a menos que tudo fosse outra vez por água abaixo e do que é triste memória o último golpe aplicado no Brasil.

Agora, ao menos e não é pouco, as instituições em si parecem estar alicerçadas e resta ainda, no fundo, que cada um dos brasileiros aprenda votar. E isso vai demorar muito ainda.

Urge educação, cultura, erradicação da miséria. E para isso sempre existiu dinheiro.

Os assentados nos três poderes da República, todos eles, não precisariam de regalias exageradas e se estivessem limitados aos já e de si polpudos salários, sem achegos e benesses sem fim, igualmente como acontece com o trabalhador brasileiro, haveria, então sim, numerário até para equilibrar as classes mais corretamente, como tantas nações prósperas e sérias o fizeram e fazem.

Perceba-se que a carência do povo quando desmedida é da mesma proporção do quanto se avoluma e se concentra nas mãos de uma minoria.

O Brasil está às avessas.

Disponibilidade em jatinhos, passagens, auxílios paletó, moradia e alimentação e, a partir daí, uma infinidade e às vezes nem conhecida farra à custa do erário, esses males sim deveriam ser corrigidos.

Quer saber? E apenas sobre dois ou três desastres perpetrados contra o Brasil, nos últimos cinquenta, sessenta anos?

A maioria da população, pouco informada, não sabe que a previdência social de outrora contemplava os trabalhadores por classes definidas. O IAPI, por exemplo, o maior e mais sólido de todos, congregava apenas os industriários e, por sinal, tinha sua sede na Praça Padre Miguel, o mesmo prédio que serve atualmente à desastrosa aglutinação de  todos os institutos.

Outrora, definidos e individualizados, existiam também, entre outros, o IAPB (bancários), IAPC (comerciários), IAPTEC (transportes e cargas). E assim por diante.

Evidente, claro e insofismável que tais instituições de per si, eventualmente com problemas, constituiriam um conglomerado menor a ser revisto. Sem contágio a similares.

Mas não. A dita revolução fundiu-os todos num bloco monolítico, gigantesco, pesado e que por isso pouco se locomove, dentro do qual  conquistas operárias foram enterradas num fosso profundo e irrecorrível. Tem-se, pois, presentemente, um INPS gigantesco, instituidor nacional das filas, suplício de um povo.

A VASP precisaria ter sido vendida? O Banco do Brasil descaracterizado, lucrativo sim, mas isso é tudo? Deu para entender a privatização da VALE? O Desmantelamento do eficiente BANESPA, por que?

Afora esses erros todos, outros mais, implacavelmente danosos.

A corrupção, corolário infame da desdita nacional, que data do descobrimento do país, agigantou-se ao infinito, despudoradamente. Voraz, insaciável.

E os presídios lotados de malfeitores... pobres.

Por último: em nenhuma passeata se viu menção, a dois nomes: Moro e Janot.

Quem seriam?

Bem que tudo poderia começar por aí. Sempre um começo.

Comentários