Quatro nomes
Os daqui de baixo, longe de Brasília – todos os brasileiros, diga-se de modo mais apropriado – recebem uns e outros, verdadeira enxurrada de notícias de enquadramento interminável na denúncia de corrupção, a enlamear ainda mais o já prejudicado conceito do país.
Quem não se sente ferido nos seus brios, a saber que o Brasil seja visto com tantas reservas. Um misto de tristeza e vergonha.
De outro lado, talvez esteja a Nação diante de nova crise, mal que aqui é cíclico para não dizer permanente, esta entretanto a mais profunda de todas.
Em verdade, a malversação e abocanhamento do dinheiro público estão incrustados desde sempre. Os meios de comunicação, a mídia, hoje passíveis de serem resumidos até num minúsculo aparelho celular, permitem que sempre algo de ruim transpire. A diferença agora é que a podridão vazou de vez e o cavar desse buraco ainda dura muito tempo.
Mas, povo é povo...
Na sua ingenuidade coletiva, por melhores intenções que se lhe reconheça, deixou-se influenciar pela moda das passeatas monumentais e ensurdecedores panelaços. Pois é justamente disso que eles, os de Brasília, ditos representantes do povo, mais gostam. A gritaria empana ou pelo menos retarda novas revelações. Em resumo, os políticos servem-se do reclamo público para posar de defensores do eleitor.
Justamente aqui, nesse aspecto, repousa o fulcro destas considerações.
O montante do desvio do erário é descomunal e não há como saber até vai onde vai chegar. Mas, pela primeira vez, toca-se fundo na ferida. E isso não por parte de algum deputado ou senador, eis que eles sim aparecem como protagonistas da farra, que é bem antiga.
O movimento popular das ruas embandeiradas faria sentido se estivesse voltado não somente para a crise e consequências, mas para os nomes capazes de por cobro nas mazelas e que, nesta hipótese, jamais seriam os senhores deputados e senadores. Esses já demonstraram ao que vieram e para que vieram.
Não se atenta devidamente para o alcance da atuação de outros dois nomes e seus respectivos colegiados, o de um Juiz e do Procurador Geral da República.Penetram a fundo nas apurações. Tudo naturalmente a contragosto do legislativo maior, caracterizado no seu todo, essencial e justamente, na personalidade dos Presidentes do Senado e da Câmara, um e outro denunciados.
Emergem então da trama, de outro lado, também dois nomes: o do Juiz Sérgio Moro e o do Procurador Rodrigo Janot, decididos e destemidos e dos quais por consideração e mérito se menciona o próprio nome, além da titularidade de seus cargos.
Quatro nomes.
Examine-os, pausadamente e de per si, o próprio leitor.