Publicado: Terça-feira, 1 de maio de 2007
Quem é educador?
“O que é educação pra você?” – perguntei ao meu filho de 7 anos. Ele respondeu: “Educação é falar com licença, obrigado e de nada. Mas não é só isso. É também respeitar os outros, não falar enquanto o outro fala, respeitar o que o outro gosta”. Continuei: “E a escola, onde entra nessa história?”. E ele: “A escola ensina a ler, escrever e ficar mais esperto. Mas educação mesmo são os pais que dão.”
Diplomas à parte, não podemos nos eximir da tarefa de educar. Podemos ser apenas pais e mães, apenas professores, ou os dois. Ou podemos não ser nenhum dos dois, sem que isso nos tire o título de educador. Sim, somos todos educadores. Não adianta fingir que esse tema não faz parte do nosso despertar.
Educa quem levanta de manhã e fala com a empregada de casa. Educa quem joga o lixo na lixeira (de preferência reciclável). Educa quem tem uma empresa, uma padaria, um bar na praia. Educa quem ensina violão, pintura, ler e escrever. Educa quem conta histórias, memórias e mentiras. Educa quem cuida do jardim. Educa quem cozinha, quem limpa, quem lava. Educa quem fala, quem ouve, quem espera. Educa quem canta, quem dança, quem cria. Educa quem respira, quem corre, quem anda. Educa quem fala, quem esconde, quem cala. Educa quem sonha, quem esquece, quem desiste. Educa quem cumprimenta no elevador, quem joga papel pela janela do carro, quem desperdiça recursos. Educa quem fuma, quem bebe, quem come. Educa quem ama, quem odeia, quem perdoa. Educa quem grita, quem bate, quem abraça. Educa quem trabalha, quem descansa, quem acorda. Educa quem sente, quem ousa, quem vive. Educa quem quer e quem não quer, quem pode e quem não pode, quem sabe e quem não sabe.
Somos todos educadores e aprendizes no palco da vida. Ensinar e aprender entrelaçam as mãos nessa jornada, assim como o branco precisa do preto e a luz precisa da escuridão. Quem mais aprende, mais educa. Quem menos educa, menos aprende. Despertar o gosto de aprender é mais talento do que técnica, mais perguntas do que respostas, mais asas do que pés. Gostar de aprender é ter dentro da alma mais interrogações do que pontos finais, mais sede do que conforto, mais esperança do que promessas.
Podemos saber que somos todos educadores, e então vislumbrar nossa influência e capacidade de interferir positivamente ou negativamente ao nosso redor. Imensa responsabilidade e oportunidade.
Podemos não saber que somos todos educadores, e então descansar sobre macios travesseiros, esperando que os outros façam por nós, falem por nós, dêem exemplos por nós, mudem por nós, resolvam por nós.
Podemos saber, ou não saber. Ainda assim, somos todos educadores. Então... O que estamos ensinando?
Comentários