Publicado: Sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Reconciliação
Certa feita, numa igreja, viu-se entre os avisos e cartazes que ficam na entrada, que na verdade são ao mesmo tempo os fundos, algo em que se lia o horário para atendimento das Confissões.
Às terças-feiras, das 15 às 17 horas. De quarta, das 16 às 18. Nas sextas feiras, entre 9 e meia e onze horas. Havia atendimento nos sábados: das oito às dez e trinta.
Sabe-se que, costumeiramente, os padres têm um dia livre na semana, o que é absolutamente correto e necessário. Conclui-se, pois, que, nessa paróquia, apenas não existe horário para confissões às quintas e domingos, ou , talvez, às segundas e domingos. Em suma, na semana, o Pároco dedica oitos horas inteiras para servir seu povo, individualmente. Seja permitido dizer, pela obviedade, que esse ministro de Deus dedica a máxima atenção ao atendimento pessoal aos fiéis e coloca esse mister entre as prioridades de sua nobre missão de pastor.
Apurou-se ainda mais – e é o testemunho de alguém que o havia procurado - que esse Pároco o atendera num dia do descanso, porque insistiu e lhe dissera que o problema era grave e urgente. O padre abrira-lhe uma exceção.
Em andanças pela Europa, foram visitadas dezenas de igrejas, em diversos países, mas, sobretudo na França. Já se comentou que os templos – mais conhecidos e destacados – são de movimento intenso, constituído quase que só de turistas. Mesmo nas missas de preceito, os fiéis não chegam a ser numerosos ou a lotar igrejas. Um detalhe, porém, chama a atenção. Na quase totalidade das igrejas, provavelmente também muitas delas sede de paróquias, aplica-se um largo e extenso horário para Confissões. Quase todas contam com mais de um sacerdote e, no quadro de avisos, inclusive se especifica qual padre irá atender, pois há um rodízio entre eles. Uma política óbvia para se proporcionar o máximo de tempo para a direção espiritual.
Quando existe um aviso que, explicitamente, enseja bons momentos para Confissões, o fiel sente-se, de sua parte, compreendido e esse sentimento de abertura o incentiva e encoraja, poderosamente, na sua intenção, às vezes no início até indecisa e tênue, de falar com o padre.
O Tribunal da Penitência, denominação quase inadequada ao sacramento da Confissão, é uma das preciosidades, pérola verdadeira, da Igreja Católica. Muito mais que ser um tribunal, - termo que poderia sugerir aos menos informados algum sentido de ajuste ou de cobrança – o confessionário consagra o reencontro do penitente, arrependido e disposto à vida nova, com o Deus de amor, Jesus, a recebê-lo de braços abertos. Pois não é Ele mesmo a falar de festa no céu quando alguém se converte? No instante em que o fiel se arrepende, decide-se pela volta e dá os primeiros sinais dessa intenção, Jesus, que nunca o abandonou, o abraça pressuroso. Enquanto o arrependimento caminha o perdão voa.
Por esses dois fatos, o da Paróquia em que as Confissões merecem atenção especial e o das igrejas européias voltadas para o seu povo, mesmo que eventualmente pouco interessado, o valor e a importância do sacramento da Confissão vieram à tona.
Quem já está na Igreja só pode prosperar se se mantiver alimentado com a graça, sempre repetida, na oportunidade de uma nova Confissão. Para os afastados, a Confissão é a porta de entrada ou, noutras palavras, o convite alegre e feliz para o retorno.
Nunca demais lembrar, que, a cada Confissão, mesmo que pecados graves não haja, a graça implícita e específica desse sacramento se renova e revigora os filhos de Deus. A Confissão, todos sabem, é ainda oportunidade de sempre nela se incluírem os pecados da vida passada, mesmo que contados anteriormente.
Confissão, expressão de amor do Pai.
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