Reflexões quaresmais
A quaresma perdeu o seu significado nos novos tempos. A laicização da sociedade avança a passos largos e a religião católica apesar de ainda constituir maioria, se encontra encolhida, cedendo paulatinamente seus adeptos para outros segmentos religiosos.
Não é fácil explicar, mas o marketing dos adversários do catolicismo se apoia numa mais fácil conquista dos bens materiais, sem tantas renúncias de prazeres, amplamente tolerados e aceitos pelos demais.
Essa acomodação cristã-católica obriga a nós outros, simpatizantes e leigos de longa data, tentar alguma reação, mesmo que ,aparentemente, possa apresentar alguma fragilidade.
Lendo hoje, pequeno trecho da epístola de S. Paulo aos Coríntios, fiquei impressionado: “Acaso não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos iludais: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem gananciosos, nem ébrios, nem ofensores, nem salteadores herdarão o Reino de Deus” (1 Cor, 12/14).
Pelo maciço estimulo dos meios de comunicação à pratica de todos esse pecados, relatados por S. Paulo, torna-se evidente que poucos se salvarão e que precisamos nos redobrar de cuidados para estarmos incluídos nessa pequena safra.
Por isso nos encontramos temerosos com a total ou sensível ausência dos sermões nos alertando e nos encorajando a cuidar do conhecimento e principalmente da prática de salutar vivência religiosa.
Encontramo-nos mergulhados em intermináveis tarefas materiais e na área de lazer, os “mais socializados” se interessando pelas Olimpíadas de Vancouver, “a nação” corintiana pela Libertadores da América e a maioria, desguarnecida de objetivos, ansiando pela Copa do Mundo, a iniciar-se em junho próximo.
Voltando à quaresma, relembramos que é tempo de reflexão e trabalho com mais intensidade, inclusive a título de penitência, pois hoje não se adotam formas antigas (jejuns, abstinências, orações noturnas, etc.).
Lastimamos também que as iníquas forças ocultas tentem arrastar o conformado e enfraquecido ser humano seduzindo-o irreversivelmente com os prazeres materiais. Este ser, que erra e peca, face a própria frágil natureza, felizmente pode ser recuperado pelo sacramento da confissão.
É o que salienta o comentarista da passagem de S.Paulo, que citamos no início: “Depois do Batismo o sacramento da Penitência, recebido com as devidas disposições, devolve-nos a graça santificante e é, por isso, o meio querido por Jesus Cristo para conservar e aperfeiçoar a graça recebida: o sacramento da Penitência contribui eficazmente para fomentar a vida cristã.” (Bíblia Sagrada Ed.Theológica pg.832).