Reflexões Quaresmais II
"A quaresma perdeu o seu significado nos novos tempos. A laicização da sociedade avança a passos largos e a religião católica apesar de ainda constituir maioria, se encontra encolhida, cedendo paulatinamente seus adeptos para outros segmentos religiosos.
Não é fácil explicar, mas o marketing dos adversários do catolicismo se apóia numa mais fácil conquista dos bens materiais, sem tantas renúncias de prazeres, que amplamente toleram e aceitam.
Essa acomodação cristã-católica obriga a nós outros, simpatizantes e leigos de longa data, tentar alguma reação, mesmo que, aparentemente, possa apresentar alguma fragilidade. Lendo hoje, pequeno trecho da epístola de S. Paulo aos Coríntios, fiquei impressionado: “Acaso não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos iludais: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem gananciosos, nem ébrios, nem ofensores, nem salteadores herdarão o Reino de Deus.” (1 Cor., 12/14).
Tais reflexões as escrevi a cerca de dois anos (fins de fevereiro de 2010). Hoje poder-se-ia dizer o mesmo com palavras diferentes, com mais ou menos esclarecimentos e maior ou menor abrandamento nos vocábulos.
Por isso, resolvi suavizar aquela nossa manifestação, relembrando apenas que a quaresma é tempo de reflexão e trabalho com mais intensidade, abandonadas aquelas práticas à título de penitência, consideradas mais rigorosas (jejuns, abstinências, orações noturnas, etc.).
Lastimamos também que as iníquas forças ocultas continuem tentando arrastar o conformado e enfraquecido ser humano seduzindo-o irreversivelmente com os multiformes e intensos prazeres materiais.
O ser humano, que erra e peca, face a própria frágil natureza, felizmente pode ser recuperado pelo sacramento da confissão. É o que salienta o comentarista da passagem de S. Paulo, que citamos no início: “Depois do Batismo o sacramento da Penitência, recebido com as devidas disposições, devolve-nos a graça santificante e é, por isso, o meio querido por Jesus Cristo para conservar e aperfeiçoar a graça recebida: o sacramento da Penitência contribui eficazmente para fomentar a vida cristã.” (Bíblia Sagrada Ed.Theológica pg.832).
Tenho a impressão que aquele evangelho do paralítico em que pessoas o aproximam de Jesus após descobrirem o telhado da casa onde Ele se encontrava marca o início do sacramento da confissão. Disse Jesus: “que é mais fácil: dizer ao paralítico, os teus pecados são perdoados, ou dizer, levanta-te toma o teu leito e anda? Pois bem: para ficardes sabendo que o Filho do Homem tem sobre a terra o poder de perdoar os pecados, eu te ordeno, disse ao paralítico, toma o teu leito e vai para tua casa.”
(Concordância dos Santos Evangelhos de Dom Duarte Leopoldo e Silva, pg.81).