Relações e atitudes cristãs
Somos seres relacionais, não fomos concebidos para vivermos isolados. Não é vazia a afirmação de que "é impossível ser feliz sozinho". Aliás a felicidade que tanto almejamos é uma porta que se abre para fora, para os outros.
Isso já está muito claro nas narrativas da criação: "Não é bom que o homem esteja só...". Assim, desde o início o homem forma comunidades.
Nossa vida depende de nossas relações e de nossas atitudes. No entanto o relacionamento com nossos semelhantes é, talvez, um dos maiores desafios que a vida nos impõe. Relacionar-se bem e adequadamente é uma arte que se confunde com a própria arte de viver e suas dificuldades atravessam os tempos, não sendo privilégio dos nossos dias.
Não é simples e fácil conviver, não é fácil ser feliz, não é fácil respeitar, compreender, ter paciência. Não é fácil aceitar nossos limites, os direitos dos outros. Não é fácil entender que sozinhos não somos nada, que dependemos da colaboração de tantos outros e que outros tantos dependem de nós. Sobretudo, a cada dia a sociedade vem esquecendo que depende da presença de Deus na vida.
A sociedade é o resultado das relações e das atitudes de cada indivíduo. Uma sociedade verdadeiramente humana depende dos valores aí vividos, praticados e respeitados. Infelizmente esses valores, sejam eles pessoais, familiares ou sociais estão sendo esquecidos. Deixaram de ser cultivados principalmente por conta da desestruturação e do enfraquecimento das famílias, berço dos valores humanos.
É uma triste realidade, mas estamos vivendo em uma sociedade desmoralizada, individualista, materializada, secularizada e hedonista.
As relações estão fragilizadas, desfiguradas e restringem-se aos interesses egoístas, imediatistas e de grupos. O bem comum fica esquecido. Imperam explorações, conflitos, desigualdades e violências.
Somos uma sociedade em crise. Falta compreensão e misericórdia, falta solidariedade e fraternidade, falta justiça e paz, falta espiritualidade, falta amor, falta Deus.
Relações produzem reações, boas ou más dependendo da natureza daquelas. Gentilezas geram gentilezas, justiça gera justiça, paz gera paz, amor gera amor numa verdadeira corrente do bem. Nem seria necessário dizer que o mal gera o mal.
A conclusão é que as relações humanas estão mal cuidadas, desvalorizadas e, para piorar, vêm perdendo espaço para as relações virtuais, mais livres, mais fáceis, mais frias, mais distantes e menos comprometidas. Encolhem os contatos presenciais, pessoais, comerciais e até mesmo os familiares e sentimentais.
É urgente cristianizar nossas relações e atitudes. Contamos com os dons que Deus nos deu; contamos com a nossa formação, nossa educação, com nosso berço, com o colo que tivemos, com a convivência da qual desfrutamos desde o nascer até hoje. A ação destes recursos nos ajuda a construir relacionamentos saudáveis que permitem vida feliz para todos.
Afinal, somos os únicos seres vivos capazes de amar e de odiar, de ser solidários ou egoístas, de perdoar e de se vingar...
Que a Palavra de Deus nos oriente e nos ajude nas escolhas!