Publicado: Sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Reprovação e Exaltação
Reprovando-se os fatos considerados maus ou nocivos é evidente que os membros de uma sociedade, mal inclinados, vão se acautelando para não serem recriminados ou marginalizados definitivamente. Excelentes, pois as campanhas de conscientização contra a violência, as drogas, o fumo; contra a nocividade dos obesos, da má alimentação, da vida sedentária, do excesso de exposição à luz solar e assim por diante.
Acontece, porém, que ao mesmo tempo que reprovam, divulgam-se ao máximo as ações condenadas, ao ponto de as exaltarem na descrição dos detalhes e circunstâncias. Consciente ou inconscientemente é feita a apologia do mal, ou seja, do crime.
Salteadores e ladrões existem desde a época de Jesus, haja vista a parábola do bom samaritano, mas com a implantação gradual do cristianismo, com a pregação constante do bem e das virtudes, pode-se afirmar que a humanidade, durante séculos conviveu com a benevolência, com o máximo respeito entre os seus concidadãos, não deixando de existir, é claro, as exceções.
A violência que se apresentou nas últimas décadas, porém, é fabulosa. Decorre indubitavelmente da exaltação, ou seja, da divulgação constante pela mídia das ações criminosas. O cinema, que veio substituir o teatro, também é o grande responsável pela incontrolável violência dos tempos presentes. Com o pretexto de trabalhar com obras de ficção, os escritores roteiristas criaram as fantasias mais absurdas e delituosas que possam existir.
É crime de tudo quanto é jeito, com a violação permanente da moral em todos os ângulos e aspectos. Absurdas e desnecessárias, por exemplo, são as chamadas reconstituições de alguns delitos onde não pairam dúvidas sobre os autores do crime. O tempo é de exibicionismo, uma vez que a deusa tevê penetra em todos os cantos. Tudo que assusta, é insólito ou terrível “merece ser divulgado”, pois alimenta o monstro sagrado chamado IBOPE.
Divulgam-se as terríveis tragédias naturais (terremotos, incêndios, enchentes), os surpreendentes atos de terrorismo premeditado (homens e mulheres bombas) e no setor doméstico os bárbaros assassinatos, desastres e tragédias, tudo aquilo que a humanidade reprova.
Esse caminho deve continuar a ser seguido? Não acham os amigos leitores que há necessidade de se dar um basta a tudo isso? Que há necessidade de se proceder a exaltação diária das coisas boas que acontecem no mundo ou na vida, restringindo-se ao máximo aquela programação deletéria? Tenho para mim que precisamos nos unir e nos estruturarmos no sentido de procurar efetivamente trabalhar para uma vida melhor, um mundo melhor.
Essa balela de desemprego, desigualdades, salário mínimo e pobreza não podem continuar a servir de pretexto para motivar a violência e a bagunça total. Precisamos trabalhar para o progresso material, não esquecendo, também, que não podemos descuidar do progresso espiritual. Não deve ser exaltado o que se condena.
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