Retiro
Uma das coisas que todos estamos muito mais acostumados a fazer é observar o que se passa ao nosso redor, do lado externo, na vida dos outros e do mundo em geral. A correria trazida pela modernidade praticamente impõe aos seres humanos uma rotina tão desgastante que a maioria das pessoas sequer tem condições de pensar em outros assuntos que não sejam as urgências cotidianas.
Acontece que isso nos deixa mal acostumados em outro aspecto. Além de estarmos antenados sobre o que acontece à nossa volta, para não ficarmos alienados, todos temos também a necessidade de olhar para dentro de nós mesmos, analisando o que se passa com nossa afetividade, sexualidade, sentimentos, pensamentos, etc. Se não fizermos isso, corremos o grande risco de ficarmos alienados sobre nós mesmos e o maior prejuízo é sempre de quem não conhece a si mesmo.
Se somos obrigados a fazer e a pensar sobre tantas coisas que dizem respeito aos nossos estudos e trabalhos, vida familiar e relações sociais, por que não dedicar um tempo para pensar em nós mesmos? Isso não é egoísmo. É uma necessidade. Muitas denominações religiosas realizam periodicamente os chamados “retiros”, que servem justamente para isso: uma pausa em tudo, para pensar em tudo e principalmente na nossa própria caminhada.
Ninguém consegue avaliar direito se está bem, feliz e realizado, sem uma pausa para meditar. Ninguém consegue descobrir as coisas que deve melhorar em si, sem gastar tempo pensando nisso. Ninguém consegue determinas seus passos para o futuro, sem momentos para refletir e planejar. Na minha opinião uma pessoa realmente sensata deveria fazer pelo menos um retiro por ano, para cuidar de tudo isso e até mais um pouco.
Participo de retiros desde a adolescência e, particularmente, sempre me fazem muito bem. Em momentos cruciais da minha vida, estar em retiros foi de grande valia, posso dizer mesmo que foram indispensáveis. Por isso gosto de retiros e participo de algum, sempre que posso, pelo menos uma vez no ano. É o meu tempo para dedicar-me de modo mais exclusivo à reflexão e a oração, sem pausas. É o momento de colocar-me diante de mim mesmo para conhecer-me melhor. É a hora de discernir os passos dados e o rumo que será dado à minha caminhada. Sem rumo não há estrada, só labirinto.
Encontro-me desde a semana passada em Belo Horizonte (MG), participando de um curso sobre o método de abordagem direta do inconsciente (ADI), que é baseado nos estudos da Dra. Renate Jost de Moraes. Tem sido muito boa a experiência, que será aprofundada nos próximos dias. Por isso, aviso aos leitores que durante a próxima semana apertarei o botão da pausa, para que eu possa aproveitar ao máximo o meu período de retiro.
Finalizo deixando a sugestão: se você nunca teve a experiência de participar de algum retiro, trate de experimentar logo. Antes do desejo de conhecer os outros e o mundo ao redor, a premissa básica é conhecer a si mesmo, cada vez mais e melhor.