Publicado: Terça-feira, 29 de julho de 2008
R.S.V.P.
Dias desses em casa chegou um convite, bem feito, palavras bonitas, texto bem explicadinho, imagem elegante. Bati o olho rápido, pois como não era pra mim o convite feito, não dei lá muita importância. Sou meio “crica” com questões de texto e português, não sou lá uma profunda conhecedora da nossa língua, infelizmente, mas faço da seguinte forma, minhas correções: fez mal aos olhos tá errado.
Aprendi isso com uma querida professora de Português, regrinha na hora pode fugir, mas o olhar crítico, nunca. Teve dúvida numa concordância, em uma conjugação, no uso de dois ‘s’ ou ‘ç’, escreva e veja qual fica melhor aos olhos, dizia ela.
Se tenho uma dúvida na hora de escrever, e estou com um dicionário por perto, perfeito. Em caso negativo, sou obrigada a engolir quando o google, me joga na cara a grafia correta, com certo ar de zombamento. (você quis dizer...)
Pois bem, voltando ao convite; bem lá no final, na parte de trás dele, havia uma sigla seguida de um número de telefone. Aí é que começam os problemas. Por que brasileiro tem mania de achar que palavra ‘gringa’ é mais importante que a nossa? Acho uma grande bobagem, porque, sem sombra de dúvida, mais da metade das pessoas que vão ler, não tem a mínima idéia do que quer dizer. Se não bastassem todas as palavras em inglês. Somos também bombardeados por palavras em francês, como no caso do convite, japonês, no caso dos aparelhos eletrônicos. E alemão, bem alemão eu não me lembro agora, mas sei que eles também andam invadindo nossa rotina.
Olhei para a sigla e ela não me caiu bem, não saberia dizer se pelo francês em si - temos eu e a língua francesa certo problema de ordem prática - ou se pela escrita errada simplesmente.
Faço uma aposta, mostre a sigla R.S.V.P. para pessoas a sua volta e pergunte se sabem o significado. Claro, que não vale mostrar pra professora, avós, nem o dono da empresa. A resposta eu já seu, e você também, ninguém sabe o que está escrito. Acho tão mais gracioso usarmos o velho e bom ‘confirmar presença’. Afinal o que ele fez de errado pra ser menosprezado dessa forma? Será que é pela dúvida que causa no uso de “s” ou “z”?
Pois bem, voltando a sigla, além de desnecessária ela estava escrita errada. Lia-se R.S.P.V. Será que alguém notou? Tenho certeza que não, afinal a maioria das pessoas não saberia dizer se o “R” estava no lugar certo ou não. Também, que diferença faz? O mais engraçado é que esse não foi um caso isolado. Acho que na dúvida na hora de confeccionar o segundo convite, devem ter tirado inspiração no primeiro. Lá veio de novo toda imponente a sigla francesa, errada!
A tradução para a sigla, Répondez s'il vous plaît, para que não se crie mais confusão, é, responda, por favor.
Mas é por acreditar, dar maior imponência por assim dizer ao evento, que se tem usado o tal R.S.V.P. a torto e a direita, ou deveria dizer à tort et à travers... gente mais metida!
A coisa toda só piora.
Seja na hora do hot dog ou do hamburguer, do dry martini, ou do blood mary. Ou simplesmente na hora de ir ao play brincar com as crianças, e ainda de quebra ter que levar a baby siter!
Acho um deslumbre o nosso português! As palavras cantaroladas na boca de um baiano, as frases de pé de ouvido com sotaque mineiro, ou ainda a velha ‘dor de dente’ vindo do interior!
Temos que ter orgulho de quem somos, sempre, e apesar, dos pesares.
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