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Publicado: Terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Rua dos Andradas

Rua dos Andradas
José Bonifácio, o mais famoso dos irmãos Andrada
Qualquer um que se dedique a estudar um pouquinho da história de Itu irá se deparar com a Rua da Palma.
Nada mais é do que a hoje conhecida como Rua dos Andradas, uma das mais movimentadas do centro de Itu.
Antiga Rua das Batatas, posteriormente chamada de Rua das Palmas, a rua homenageia os irmãos Andrada, que tiveram uma destaca atuação na Política do Brasil-Império.
 
Essa rua originalmente seguia o traçado de uma das estradas que provinham de São Paulo e davam acesso a Itu. Seu traçado consta na planta original de Sá e Faria (1774), apresentando dois blocos de ocupação: o pátio do Carmo à linha da Matriz e do início da rua Direita (Paula Souza) até a atual Rua Padre Taddei. Existem ainda levantamentos que apontam que, já no ano de 1759, havia moradores na região.
 
Seja como for, em censo realizado em 1791, a Rua da Palma contava com 41 prédios, já aparecendo como a segunda mais populosa de Itu, sendo a maioria dos moradores dedicados a atividades artesanais e comércio.
 
Em 1865, os registros já apontam a construção de onze sobrados, 93 construções e, nesse mesmo período, o prédio do Teatro São Domingos (atrás da Igreja do bom Jesus), no mesmo local em que se desenvolveu um largo – o do teatro.
 
Irmãos Andrada
O sobrenome Andrada, que batiza a Rua dos Andradas, é conhecido em Itu.
Mas talvez poucos saibam quem foram, realmente, esses três irmãos, bem como o papel que desempenharam na história do Brasil e da Província.
O primeiro deles é Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, nascido em Santos (1773).
 
Fez parte da Revolução Liberal de Pernambuco (1817) e quase foi sentenciado à morte, da qual escapou por pouco. Depois de permanecer quatro anos preso, foi anistiado e nomeado desembargador para a Relação da Bahia mas, antes de sua posse, acabou assumindo o cargo de deputado nas Cortes Constituintes de Portugal.
 
Sua vida política foi agitada, tendo sido preso diversas vezes, inclusive ao lado de seus outros dois irmãos – José Bonifácio e Martim Francisco, com os quais foi deportado para a França para, retornando ao Brasil em 1828, ser preso novamente.  
De volta à vida política brasileira, foi um dos articuladores para que se fosse dada a maioridade a D. Pedro II, e exerceu o cargo de Ministro do Império (1841), deputado por São Paulo e Senador por Pernambuco.
Faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1845.
 
O segundo deles, Martim Francisco, nasceu em Santos em 1775, atuando na área de Geologia e, 1820, foi eleito membro do governo provisório da Província de São Paulo. Afastado do Governo por ser favorável à independência, Martim Francisco foi para o Rio de Janeiro, onde ocupou a pasta da Fazenda como ministro. Sua atuação política foi destacada e, ao lado de seus irmãos, foi deportado para a França e, em 1830, de volta ao Brasil, foi eleito deputado por Minas.    
Também foi deputado por São Paulo e atuou favoravelmente à concessão da maioridade a D. Pedro II.
Morreu em Santos em 3 de fevereiro de 1844.
 
O último deles, e mais famoso, é José Bonifácio. Nascido em 13 de junho de 1763, foi ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros de janeiro de 1822 a julho de 1823.
De início, colocou-se em apoio à regência de D. Pedro de Alcântara. Proclamada a Independência, organizou a ação militar contra os focos de resistência à separação de Portugal, e comandou uma política centralizadora.
Durante os debates da Assembléia Constituinte, deu-se o rompimento dele e de seus irmãos Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva com o Imperador. Em 16 de julho de 1823, d. Pedro I demitiu o ministério e José Bonifácio passou à oposição. Após o fechamento da Constituinte, em 11 de novembro de 1823, José Bonifácio foi banido e se exilou na França por seis anos. De volta ao Brasil, e reconciliado com o imperador, assumiu a tutoria de seu filho quando Pedro I abdicou, em 1831. Permaneceu como tutor do futuro imperador até 1833, qando foi demitido pelo governo da Regência.
 
Sua vida política possui algumas curiosidades: diz-se que o Imperador D. Pedro II, por ocasião dos festejos do cinqüentenário da independência, quis outorgar à Gabriela, filha de José Bonifácio, o título de Viscondessa do Ipiranga, o que foi delicadamente recusado alegando que seu pai e tios nunca aceitaram honrarias e títulos semelhantes pelos serviços que haviam prestado ao país.
Certa vez, José Bonifácio recebeu o envelope contendo seus vencimentos de ministro e os colocou dentro do chapéu. Ao sair, deixou-o na cadeira do teatro e esqueceu que o dinheiro estava alí. Chegando em casa, lembrou-se do dinheiro e não mais o encontrou. De alguma forma, o Imperador soube do fato e ordenou a Martim Francisco, então ministro da Fazenda, que pagasse novamente a José Bonifácio o salário do mês, ao que o ministro da Fazenda se recusou dizendo que "o Estado não é responsável pela displicência de seus empregados", e continuou: "O máximo que posso fazer é dividir meu pagamento com ele".
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