Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 12 de março de 2007

Rumo a nossa Páscoa...

“ A transformação da sociedade depende da conversão de cada um.”
Estamos em plena Quaresma. Mas o que isso tem a ver com a nossa vida hoje? Por que a Igreja investe tanto nesse tempo litúrgico?
 
São quarenta dias dedicados à preparação para a apoteose cristã, a Páscoa, passagem da morte para a vida, a Ressurreição. Cristo nos mostrou que a morte não é o fim de tudo, porque fomos criados para a vida eterna. Cremos nisto?
 
Sabemos que estamos aqui de passagem e que a nossa vida toda é, no fundo, uma preparação para a vida gloriosa dos céus. Viver exige dedicação, cuidado; nada acontece por acaso. Grandes acontecimentos, grandes comemorações sempre supõem uma boa preparação. Isso justifica o longo tempo da Quaresma que guarda estreita ligação com o próprio Cristo que se recolheu no deserto por quarenta dias, jejuando e orando para se preparar para sua grande missão. Sabia o que o esperava, por isso preparou-se com carinho e dedicação.
 
Certamente cada um de nós tem muita coisa para ser revista e mudada; muita coisa que vamos “empurrando” por falta de tempo, vontade ou coragem de repensar e que esse tempo, a exemplo de Cristo, pode nos trazer aquilo de que precisamos para enfrentar os tantos episódios de nossa caminhada. Despreparados, despreocupados, ou mesmo distraídos com as “ofertas” da vida acabamos não acreditando nas dificuldades, que sempre vêm e nos pegam desprevenidos.
        
A Quaresma é para nós, se desejamos nos arrepender de nossos pecados, se reconhecemos a vinda de Cristo e sua obra de Salvação como a grande manifestação da Misericórdia de Deus que se compadeceu da nossa condição. Tempo de perdão e de reconciliação fraterna. Oportunidade para iniciar uma “faxina” em nossos corações varrendo o ódio, o rancor, a inveja, bem como os “apegos” que se opõem a nosso amor a Deus e aos irmãos. Precisamos de armas fortes, por isso a quaresma é sobretudo um tempo “forte” de oração, penitência e misericórdia.
        
A oração facilita nossa conversão; ela é indispensável para o nosso encontro com Deus, permite que a Sua graça penetre em nosso coração, nos educa para a humildade e nos ajuda a compreender a Sua vontade. Em consequência, vai eliminando da nossa vida o orgulho, a vaidade e a arrogância; corrige a nossa auto-suficiência facilitando nosso convívio familiar e social. Afinal, a vida se torna mais fácil quando se aceita a ajuda de Deus e dos outros.
        
Vale citar aqui a maior e mais completa oração do cristão, a Missa. Nela podemos reviver o Mistério Pascal em toda a sua plenitude: Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. No nosso encontro pessoal com o Ressuscitado na Eucaristia, ápice da vida cristã, vamos conseguindo as graças necessárias para bem viver já aqui as alegrias do Reino.
        
Igualmente a penitência é uma grande aliada; não a penitência baseada no sofrimento pelo sofrimento, mas uma penitência sinônimo de mudança de mentalidade, de esforço livre e positivo, voltada ao nosso controle, ao domínio das emoções, dos sentidos, das necessidades e da vontade. Sabemos muito bem que precisamos de disciplina e que esta, ao contrário do que muita gente pensa, não nos escraviza; ao contrário, nos liberta, especialmente dos fardos inúteis, criados por nós mesmos ou adotados de nossa sociedade pouco ou nada cristã. Sem dúvida, a penitência vai ajudar muito na nossa conversão pois a Páscoa acontece aos poucos, no nosso dia-a-dia, na medida de nossas pequenas conversões, isto é, pequenas revisões de vida, adoção de atitudes mais cristãs que vão melhorando nossos relacionamentos. Melhorar de vida é sonho de todos e isso tem um preço: o nosso firme propósito e nossa disciplina; tem um caminho: o caminho da fé, da esperança e da caridade.
        
“Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência”, afirma São Paulo. Assim: reparamos nossa dívida com Deus, a quem devemos honra e glória, mas ultrajamos com nossos pecados, associamo-nos a Cristo no Sacrifício da Cruz pelos nossos pecados e canalizamos as nossas inclinações para o bem e para o próximo, a quem freqüentemente causamos sofrimentos.
        
A nossa conversão passa pela Cruz de Cristo. Jamais chegaremos a verdadeiros seguidores de Cristo se não a aceitarmos e participarmos dela; devemos ver no Cristo crucificado no Calvário o grande amor de Deus pela humanidade. E qual é a resposta que o Senhor deseja ardentemente de nós? Segundo o papa Bento XVI “é antes de tudo que acolhamos o seu amor e nos deixemos atrair por Ele. Mas aceitar o seu amor não é suficiente. É preciso corresponder a este amor e comprometer-se depois a transmiti-lo aos outros: Cristo «atrai-me para si» para se unir comigo, para que eu aprenda a amar os irmãos com o seu mesmo amor.”
        
As boas obras englobam a assistência aos que têm fome ou sede, aos desprotegidos, aos enfermos, aos presos, enterrar os mortos e ainda os bons conselhos, esclarecimentos (com paciência e respeito) aos ignorantes, a correção fraterna, a consolação dos “tristes”, o perdão e a nossa oração pedindo a Deus por vivos e defuntos. A lista não se esgota e abre possibilidades para todos, sem exceção, agirem de acordo com as suas oportunidades.
        
A misericórdia de Deus entra em nossa vida, transformando-se em caminho de salvação; um caminho de conversão atrav&eac
Comentários