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Publicado: Sexta-feira, 29 de março de 2013

Salto se supera

Ao espiar da sacada para perceber o tempo, no sábado, 23, em Itu, pelos lados do Bairro Brasil, soprava um vento desordenado e muito forte.

Aconselhava-se a quem fosse sair prevenir-se de agasalho.

Camisa de lã e blusa debaixo do braço, cumpria-se o intuito de ver o magno espetáculo da representação da Paixão de Cristo em Salto, no local de costume, um enorme palco em que outrora estivera a concha acústica.

Primeira surpresa.

A temperatura amainara, com um friozinho até naturalmente suportável.

Centenas de bancos fixos e três enormes arquibancadas, praticamente de todo ocupadas, de raras vagas aqui e ali, por volta das vinte horas. De momento, não ocorreu pudesse haver nas cidades imediatamente vizinhas uma ampla acomodação de público e todos sentados.

A propósito, como alvo de destaque em ambientes a céu aberto, haveria talvez também em ambiente fechado e nas imediações de Salto, um teatro da magnificência do Palma de Ouro?

Uma tradição – esse espetáculo à véspera da Semana Santa – com que praticamente todos os municípios reverenciam a paixão de Nosso Senhor. De justiça, reconhecer que em Salto, com total apoio local,  sobretudo com a ajuda do poder público, a representação ganha incremento e renovação a cada ano.

Antes de iniciar o espetáculo, o povo, a acompanhar a Banda Kerigma de Itu, foi presenteado com vários cânticos sacros apropriados àqueles momentos de expectativa.

A rica e colorida exibição, o jogo de luzes e uma sonoridade perfeita, complementaram a performance dos atores na sua atuação admirável. Leve-se em conta que dirigir um grupo de tamanha dimensão – mais de trezentos componentes em palco! – resulta numa dedicação e carinho extremos.

Fizeram-se múltiplos acréscimos e novidades – o público maravilhado e a aplaudir constantemente – entre outros por proporcionar, antes propriamente dos capítulos da paixão e morte de Jesus, a representação de cenas bíblicas, numa espécie de entretenimento prévio: as tentações do demo a Jesus no deserto; a adúltera não condenada por ninguém; a última ceia e outros.

Sequer se perdeu a ideia de harmonizar a sempre brilhante exibição da Banda Marcial de Salto, integrada na maioria por jovens, encaixada à guisa de soldados romanos, assim caracterizados.

Na oportunidade, houve o ensejo de encontro com o senhor prefeito, Juvenil Cirelli, vereadores Garotinho e Sr. Cordeiro e, ainda, com a diretora do Conservatório. A uma pergunta de como reunir e coordenar trezentos atores, soube-se que na verdade, em Salto, existem muitos grupos teatrais e outros tantos conservatórios de música e dança. Consegue-se então a proeza de que tais equipes, sem o destaque de nenhuma, fazem-se de um só e único bloco, empenhados na mais elogiável e confortável harmonia.

Dispensável falar que se retorna para a casa de alma cheia pela satisfação e privilégio de por assim dizer compartilhar vivamente, como público, de uma comemoração de tão elevado nível cultural, histórico e religioso, acoplados no mais puro entretenimento.

Um pormenor de alta relevância.

Toda essa maravilha ocorre numa cidade vizinha e amiga, cuja população não vai além de cerca de cento e poucos mil habitantes, estes constituídos na sua maioria, sem nenhum demérito por isso, de tradicional proletariado.

Salto se superou.

 

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