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Publicado: Quarta-feira, 2 de junho de 2004

Santuário de Grandes Primatas na região de Itu. Acredita?

Esta semana eu optei por um assunto realmente exótico, que não está diretamente relacionado ao Turismo, mas ilustra, mas uma vez, as preciosidades que existem por aqui. Quanto mais a gente se abre para desvendar Itu, mais lugares inusitados aparecem.

No mês passado, a convite de uma grande amiga, tive a sorte de conhecer um Santuário de Grandes Primatas. E o que é isso? Eu também não tinha a menor idéia até chegar lá. O local é simplesmente inacreditável: uma reserva localizada na divisa de Itu com Sorocaba, considerada modelo pelo IBAMA e que abriga mais de 150 primatas de diversas raças, sendo que aproximadamente 30 deles são chimpanzés. O Santuário faz parte de um movimento internacional (The Great Ape Project – Brazil) que tem representação nos cinco continentes. No Brasil tem o nome de GAP (Projeto de Proteção dos Grandes Animais) e seu principal objetivo é garantir os mesmos direitos aos Grandes Primatas (Chimpanzés, Gorilas e Orangotangos) que são dados a nós, humanos. A base científica que apóia o projeto é a descoberta recente - por mais incrível que pareça – de que 99,5% dos nossos DNAs são iguais aos dos Grandes Primatas.

A reserva que eu visitei chama-se Criadouro Conservacionista Velho Jatobá, existe há pouco mais de 2 anos e é a principal das 3 únicas existentes no país até o momento. Por ser a pioneira e a desbravadora deste caminho aqui no Brasil, ela tem também a missão de servir de modelo para que todos aqueles que tenham Grandes Primatas em cativeiro, dêem as condições mínimas de vida que eles merecem. Conversando com os idealizadores do projeto, percebi uma enorme paixão e comprometimento na luta por essa causa, que apenas está começando. O gasto mensal para manutenção dessa reserva é inimaginável. Quando perguntei como eu poderia ajudar na divulgação, imaginei que a resposta seria apoio financeiro. Mas para minha surpresa, o que foi dito está bem longe disso. A principal preocupação é realmente com a expansão do projeto, no sentido de erradicar a imagem dos chimpanzés que vivem em cativeiros, seja em zoológicos com áreas de 5 a 10 metros quadrados, sem acesso ao sol e à terra, seja em circos que o transportam pelo país em pequenas gaiolas, em condições de higiene e alimentação precárias. O principal apelo do GAP é divulgar essa luta, solicitando que sejam denunciados maltratos a Chimpanzés em qualquer lugar do Brasil, pois ele está pronto para acolhê-los.

Embora não seja um local turístico, escolhi contar nessa coluna sobre esta experiência porque, além de ter me tocado profundamente, reforçou a minha crença de como é importante perseguir nossos objetivos e missão de vida. Não é fácil escolher um caminho pioneiro, vencer obstáculos de uma estrada que ainda não está construída. Os desafios são muitos e no início – sempre - há muitas resistências e descrédito. Mas se queremos realmente, os problemas viram oportunidades e o ideal vai à frente, transformando o sonho em realidade. Nós, da Prótur, sabemos o que é isso.

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