Seja você
Fosse possível, num passe de mágica e por isso não mais que imaginário, revolver mil e uma situações, hábitos, costumes e tendências, ao se olhar um pouco para trás, todos se surpreenderiam.
O fato é que essa ideia ou cogitação não ocorre a ninguém e o que vale e vige é a correria insana para viver sensações ao máximo e desmedidamente.
Nesse enfoque salta em óbvio destaque, a dita, ou maldita, lei da vantagem.
Aos poucos, imperceptivelmente, a ponto de até se reconhecer não haja maldade nisso, ou má intenção, cada qual busca o modelo do salve-se-quem-puder.
Trata-se de uma revolução muda e até certo ponto inconsciente.
Não se fale tampouco de nações que se trucidam em si próprias, numa disputa infindável pelo poder, facções a serviço deste ou daquele líder.
É muito curioso constatar que tantas coisas se deterioram e que quanto mais sejam facilitados os meios de comunicação pessoal, os seus agentes mais se distanciam.
Se parentes e conhecidos se visitavam de vez em quando, é-lhes agora dado não mais se abraçarem, porque o celular os coloca frente a frente com imagem e voz, sem exigir meio passo de locomoção.
Pulverizou-se quase, a prática de sentar-se o cidadão aos domingos de manhã para sorver, página a página, a edição dominical dos prestigiados diários. Credo. Que velharia.
E em meio a essa balbúrdia mais ou menos organizada, eis os automóveis a entupir cada pedaço de chão ao rés das calçadas, com o agravamento de que, se a largura o permitir, se estaciona em ambos os lados. Essa nódoa visual que enfeia as cidades e rouba espaços aos pedestres, vige soberana sem perspectivas de mudança. Chegou, plantou-se e fincou raízes.
Gente.
Essas pontuações – algumas apenas dentro do conteúdo da matéria que seria vasta quase ao infinito – querem ter apenas o condão de acordar a todos para que se de um lado existem as imposições, também há que se tomar consciência dessa submissão e libertar-se, um pouco ao menos, dessas amarras impingidas pelo que se chama de “progresso”.
Haja mais contato, mais conversas, mais abraços, mais tempo de sorrir, menos correria e nenhum deslumbramento precipitado pelo novo.
Se preciso for, tenha até habilidade e sensatez para não se sentir obrigado a incorporar quaisquer ondas ou correntes.
Use o intelecto. Seja você.