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Publicado: Sábado, 29 de março de 2008

Semana do Escritor

Não resta dúvida de que a internet pode auxiliar a literatura, principalmente com relação à divulgação dos trabalhos de autores, lançamentos, dicas de leitura, discussões a respeito de obras...
 
Ela também te ajuda a encontrar aquele poema do qual você só se lembra um verso: basta uma pesquisa Google e você o terá inteiro. Contos, crônicas, todas as formas curtas encontram impulso na rede, além dos blogs de criações literárias. A Internet é ágil, não possui as tradicionais limitações de espaço ou de horário, e é ainda poderosa ferramenta de pesquisa cruzada. A internet também oferece obras.
 
Mas livros longos são difíceis de ler, mesmo com o e-reading e o e-book (espécie de programa de leitura e livro eletrônico portátil), então, a modalidade impressa ainda se faz mais eficaz. Livros eletrônico não têm cheiro, nem textura; não amarelecem com o tempo. Os livros são de papel: folheiam-se, dobram-se nos cantos, oferecem-se aos amigos com uma dedicatória manuscrita - afirmação do próprio Bill Gates, fundador da Microsoft, maior rede de software do mundo, em defesa de que o computador nunca irá substituir o livro. Assim, convém evitar algumas falsas questões, a começar pela idéia de que a impressão em papel é uma tecnologia condenada à obsolescência.
 
Como um dia se acreditou que o livro traria a libertação do ser humano e a possibilidade do conhecimento pleno, é importante não se render às promessas semi-religiosas da rede mundial para a comunhão dos povos e a distribuição do saber. A crença nos poderes virtuais, às vezes, parece ter gerado uma nova ideologia, um novo ismo, que se poderia batizar de virtualismo, tão nocivo quanto qualquer utopia.
 
Entretanto, acho que o maior aspecto negativo da internet em relação ao livro comum, é que a rede é uma teia dispersiva. Com tanta informação, creio ser missão impossível parar e ficar horas degustando uma história. Principalmente porque quando estamos em frente a um computador, mesmo que seja por lazer, o estado de espírito é outro: a curiosidade nos faz buscar outras coisas, diferente do momento de descontração em que você se deita em baixo de uma árvore, ou em sua cama antes de dormir, para deixar que o livro te leve a uma viagem de imaginação. Assim, essa pressa, agitação que temos em frente ao computador, atinge diretamente o prazer de ler, que é complexo e duradouro.
 
Quando perguntam às pessoas por que lêem tão poucos livros, elas dizem que é por falta de tempo. Mas todas têm algumas horas diárias, em média, para ficar entre o computador e a TV. Assim, a internet não é inimiga dos livros, mas adversária do tempo para os livros. Mas você ainda pode argumentar: pela internet você também pode acessar livrarias, sebos e receber seus exemplares em casa...e aí eu te digo, está aí um prazer que lhe é roubado: o de buscar as prateleiras, procurar uma obra e encontrar outra, de tocar, folhear, como que as mulheres quando estão em sua loja preferida, frente a enormes promoções e levam diversas peças consigo ao provador. Assim, leia, aventure-se no mundo da imaginação e arrisque-se também a escrever. Por que não?
 
Todos temos experiências de vida, muitas estórias para contar. Sentimos o mundo cada um através de uma experiência sensorial diferente: divida a sua com os outros. A escrita pode também ser um exercício de autoconhecimento, no qual você passa a se perceber melhor e a refletir sobre sua vivência.
 
Ótima oportunidade de se iniciar neste processo, é através da Semana do Escritor. O contato com escritores permite a troca de experiências, de dicas sobre o mundo literário, sobre o prazer de se ler e de também oferecer sua contribuição ao mundo, escrevendo...
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