Publicado: Quarta-feira, 28 de março de 2007
Semana Santa em Itu - Ofício de Trevas
No dia 31 de março, sábado, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo contempla, com sua comunidade, os mistérios da morte de Jesus. Essa oração pública, extraída do Ofício Divino, dos religiosos tem o nome de Ofício de Trevas.
Com início às 20h, e a igreja parcialmente escurecida, durante o ofício recitam-se salmos, antífonas, leituras e responsórios da quinta-feira santa, lembrando a oração no Monte das Oliveiras, a prisão de Jesus e a traição de Judas.
Todos os salmos (em vernáculo) são cantados em canto-chão. As leituras (ou lições), extraídas das Lamentações de Jeremias, são cantadas no Canto Gregoriano próprio, medieval, previsto pela Igreja, bem como as antífonas, estes todos em latim, língua oficial da liturgia católica.
O altar fica coberto com um imenso tecido preto, bem como todas as imagens dos santos e o próprio crucifixo. Um conjunto de quinze velas dispostas em grande candelabro (chamado tenebrário) vai sendo apagado ao longo da cerimônia. Quatorze velas representam os apóstolos e as Marias que acompanharam a Paixão; a décima quinta vela é o próprio Jesus, vela que não se apaga, que simboliza a ressurreição.
A cerimônia, que chegou a durar no passado cerca de quatro horas, hoje leva cerca de uma hora e meia, pois se diminuíram os salmos e as antífonas, adaptando-a aos nossos tempos. Não é uma missa, mas uma recitação de orações.
Em diversos períodos da História compositores europeus reconhecidos, como Couperin e Liszt escreveram a música polifônica própria para os responsórios, no estilo de seu tempo, a fim de oferecer um diálogo com o gregoriano.
Em Itu não foi diferente, também diversos compositores escreveram a música para os responsórios, cantados em formato alternado com o gregoriano.
Neste ano a Schola Cantorum da Associação Cultural Vozes de Itu cantará as Matinas de Quarta-feira Santa de Tristão Mariano da Costa (1846-1908). O compositor era Mestre de Capela da Matriz de Itu e compôs a obra inspirado no estilo de outros italianos, como Rossini e Verdi. Entre partes corais e solos de forte caráter emocional, o texto dos responsórios proporciona um momento de reflexão diante da vida e da morte, pela beleza da linguagem musical aliada ao texto Sagrada Escritura. A obra foi restaurada especialmente para ser executada na cerimônia. A transcrição coube aos músicos Vinícius Gavioli e Luís Roberto de Francisco, regente da Schola Cantorum.
Para os solos deste ano a Schola Cantorum conta com a participação dos cantores Márcia Degani, Thiago Pinheiro e José Maria Cardoso, do Coral Paulistano, do Teatro Municipal de São Paulo, acompanhados do pianista Alfredo Abbati, do Instituto de Artes da UNESP. Em 2007 o Ofício de Trevas conta com patrocínio da Fazenda Capoava, hotel localizado no Bairro Pedregulho (Itu) e apoio cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Itu.
Participam como cantores alguns membros da comunidade do Carmo e Congregados Marianos: Carlos Roberto da Silva, João Silveira, Felipe Moreira e João Marcos Sarti. O oficiante será o Frei Tadeu Camargo OC, Prior do Convento acolitado pelo Padre José Ignácio Sonsini, Reitor do Santuário do Sagrado Coração de Jesus. A cerimônia toda é organizada pelo Presidente da Congregação Mariana Altair José Estrada Júnior.
Itu é uma das mais tradicionais cidades paulistas, guarda práticas culturais e religiosas do período colonial, formas de representação da fé católica, marcas de seu povo e da continuidade dos seus costumes.
Ofício de Trevas
31.03.07, sábado, das 20h – 21h40
Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Praça da Independência, s/nº Itu)
Procissão de Passos
Certamente realizada desde o século XVIII a Procissão de Passos é organizada pela comunidade do Carmo e tem por principal objetivo percorrer, piedosamente, as ruas centrais da cidade, trazendo as imagens do Senhor dos Passos e da Senhora das Dores, lembrando o caminho de Jesus ao Calvário.
Diferente de algumas cidades, nas quais foram construídos passinhos (pequenas capelas encravadas em construções maiores), em Itu os sete passos de Jesus são paradas feitas em casas de famílias católicas, que a recebe há muitos anos, para os quais montam-se belos altares, contemplando aqueles momentos da Via Sacra.
1º Passo – residência do Prof. João dos Santos Bispo
2º Passo – residência da Família Xavier de Oliveira
3º Passo – Igreja do Bom Jesus, Sermão do Encontro
4º Passo – residência da Família De Francisco
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