Sinal dos tempos
Não poderia ser trazido aqui um título de crônica com chavão mais batido do que esse: sinal dos tempos.
Para a população de média idade e para os moços de hoje, soa estranho falar das mudanças introduzidas ao longo dos tempos.
Há que se reconhecer por primeiro que as adaptações são inevitáveis, a perder-se a conta de quantas fórmulas, meios e recursos simplificaram a vida moderna. O progresso é inexorável. No fundo, para o bem de todos.
Entretanto, ah se em alguns aspectos fosse possível retroceder...
O respeito mútuo despencou como se o cavalheirismo fosse hábito desprezível, desnecessário e fora de moda. Está substituído pela esperteza.
Um resíduo mínimo de caráter no exercício do múnus público, a política em especial – que já era sofrível, atingiu o descaramento e a afronta. Da tríplice e pretendida guarda da ordem, a Justiça, o Legislativo e o Executivo, pendem tentativas várias, os últimos a querer apequenar o equilíbrio até agora razoavelmente mantido pela primeira.
De um comentário ingênuo deste tem-se consciência de que muitos leitores, não todos, encaram o autor como fora do contexto. Tardio, se não ingênuo. Bem o sei.
Na idade provecta - chega-se lá um dia – o filme da vida demonstra pelas evidências que o conforto, o modernismo, o avanço da técnica, o sistema bambeado de educação, por si só não asseguram felicidade. No máximo, uma falsa segurança.
Para a semana, quiçá emoldurada de azul brilhante, chovem promessas de reformas para todo lado.
Se lhes aprouver, faculta-se, amáveis leitores, alterar o título deste breve encontro para o abaixo assinalado:
Esse filme já foi visto.