Publicado: Sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Síndrome da Apnéia-hipopnéia do Sono
A obesidade é uma condição muito comum na sociedade moderna, como conseqüência, as complicações da obesidade têm ganhado cada vez mais destaque e passaram a contribuir significativamente para o aumento da morbimortalidade.
Indivíduos obesos desenvolvem complicações tais como: diabetes mellitus tipo 2, resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, esteatose hepática, e outras. A Síndrome da Apnéia-hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é também uma condição tão importante quanto e contribui efetivamente para piora da morbidade e mortalidade relacionada à obesidade. Esta compreende episódios recorrentes da obstrução total (apnéia) ou parcial (hipopnéia) da via aérea superior, ocorre durante o sono, principalmente em indivíduos obesos.
Pacientes portadores desta síndrome estão mais predispostos ao risco de acidentes automobilísticos, acidentes ocupacionais, hipertensão arterial, doença coronariana, acidente vascular encefálico e insuficiência cardíaca congestiva. Apresentam maior risco de óbito, mesmo após ajuste para outros fatores de risco cardiovasculares, além de maior prevalência de morte súbita durante a madrugada, devido a causas cardiovasculares.
A característica fisiopatológica principal é o colapso da via aérea superior relacionado ao sono ao nível da faringe. Mesmo em pessoas normais, o sono está relacionado com o estreitamento da faringe e substancial incremento da resistência inspiratória. Isto ocorre principalmente devido à redução do tônus da musculatura da via aérea superior e redução dos reflexos que protegem a faringe do colapso. Uma faringe anormal (presente nos portadores de SAHOS) pode manter-se aberta por aumento compensatório na atividade dos músculos dilatadores; contudo, durante o sono ocorre uma falha dessa compensação e a via aérea fecha.
Colapso parcial resulta em ronco, hipopnéia e hipoventilação obstrutiva prolongada. Obstrução completa resulta em apnéia. Como conseqüência, o despertar é necessário para que a atividade muscular dilatadora da faringe retorne às condições normais, e resolva a obstrução. Desta forma a fragmentação do sono pelo despertar repetitivo é a principal causa de hipersonolência.
Apnéias ocasionais são ocorrências normais e não causam sintomas, porém o aumento destes eventos deve ser um sinal de alerta. A SAHOS deve sempre ser suspeitada em pacientes obesos, hipertensos, roncadores habituais e com hipersonolência. Entretanto, nem todos os pacientes exibem este padrão, e de modo contrário um número significativo de pessoas normais podem apresentar várias combinações dessas características. Os preditores clínicos da SAHOS incluem, hipertensão, o hábito de roncar e apnéias testemunhadas. Para confirmação diagnóstica é utilizada a polissonografia, que é um teste monitorizado, e realizado em laboratório especializado, em que múltiplas características fisiológicas são gravadas: eletroencefalograma, eletro-oculograma, eletromiograma do queixo, fluxo aéreo, entre outros.
O tratamento da SAHOS tem como objetivo implementar medidas que detenham o colabamento das vias aéreas, durante o sono, e está centrado, além de medidas comportamentais, tratamento da obesidade.
A redução de peso ocasiona aumento dos volumes pulmonares, redução dos tecidos faríngeos redundantes e da gordura retrofaríngea e mudanças no controle neuromuscular dos músculos da via aérea superior, levando ao aumento da área faríngea e redução na colasabilidade. Por esse motivo, o tratamento da obesidade deve ser enfatizado.
Em conclusão, o progressivo aumento da prevalência do sobrepeso e obesidade, na população contribui para uma maior prevalência das comorbidades associadas. Portanto, o tratamento da obesidade constitui peça fundamental para o manejo da apnéia do sono.
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