Publicado: Sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Sobre o Clero - Parte Três
Comecei esta série de artigos descrevendo minha amizade com padres e diáconos da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, à qual pertenço. Nada mais justo que começar pelo começo. Não poderia deixar de citar a figura do Padre Carlos Desidério da Rosa, mais conhecido como Padre Carlinhos.
Lembro-me como se fosse hoje. Dom Amaury Castanho, então bispo diocesano, veio até a Matriz da Candelária para celebrar uma cerimônia de crisma. Trouxe com ele um jovem sacerdote, o tal Padre Carlinhos. Nós ainda não sabíamos, mas este seria o vigário paroquial num futuro não muito distante.
Quando nos conhecemos, era inverno. Na época eu costumava deixar a barba crescer nesse período. Sei lá por quê. No fim do inverno, já empossado como vigário paroquial, Padre Carlinhos presidiu missa na Matriz. Como a primavera estava para começar, fui ao barbeiro e fiz “barba, cabelo e bigode”. Tirei a barba e passei a tal da “máquina quatro” na cabeça, no estilo do “corte piolho”.
Padre Carlinhos havia se acostumado a ver-me no grupo dos violeiros da missa das 19 horas da Matriz. Naquele dia, ficou me procurando. Em determinada hora, achegou-se a um dos membros do grupo de músicos e perguntou: “Cadê o Sala?”. Ao que todos responderam apontando: “Esta aqui, na sua frente...”. O fato é que não me reconheceu todo “escalpelado” e damos risada até hoje ao recordar o episódio.
Tirando as críticas que lhe fazem (meu Deus, como os padres e os diáconos são criticados!), Padre Carlinhos é um amigo. Tem seus defeitos, como qualquer um de nós. E tem suas qualidades, como qualquer um de nós. São características suas a simpatia, o acolhimento, a criatividade e a alegria. Mesmo sendo transferido para a Paróquia Sagrada Família, no bairro Cidade Nova, continuamos muito amigos. Tenho por ele uma grande estima e várias vezes ele me demonstrou o mesmo quando, nos apertos que a vida nos oferece, sempre soube me consolar com suas palavras e conselhos de quem entende dos dramas da juventude.
Outro que entende muito das experiências de vida da juventude é o Padre Francisco Carlos Caseiro Rossi, atual responsável pela Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro. Digo isso porque é sacerdote jovem e muito ciente dos dramas que vivemos. Tenho que admitir que, junto com o Monsenhor Durval de Almeida (meu atual pároco), eu “divido” com o Padre Francisco a minha direção espiritual.
Nos conhecemos quando ele era Reitor do Seminário Propedêutico, localizado na Igreja do Bom Jesus. Depois foi nomeado por Dom Amaury como pároco da recém-criada Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro, no bairro Padre Bento. É sacerdote zeloso e ciente de suas responsabilidades. Com imenso gosto pelas artes e mestre do bom gosto, entende tudo de decorações e sabe como ninguém preparar uma cerimônia litúrgica, por mais solene que possa ser.
Com o passar dos anos, nos tornamos amigos. Ambos nos preocupamos um com o outro e ser amigo não é isso mesmo? Quando menos espero, um telefonema. É ele, querendo saber como estou e o que se passa. Só Deus sabe o quanto me reanima saber da amizade que tenho com certas pessoas. Queira o Senhor que eu as possa manter para sempre. Como irmãos e amigos, vinculados pela fé em Cristo, falamos sobre nossos dramas e problemas momentâneos, além de nos alegrarmos juntos pelas maravilhas que Deus realiza em nossas vidas.
Os escritos sobre o nosso clero continuam na próxima semana.
Amém.
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