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Publicado: Segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Sonho da Saudade (In Memoriam)

Crédito: Internet Sonho da Saudade (In Memoriam)
A morte é uma passagem, breve qual um sonho...

Fazendo um balanço sobre as tantas pessoas queridas que vi partir para a eternidade nos últimos meses, tive um dia de reflexões sobre a fragilidade e a brevidade da nossa existência. Se todos tivessem consciência do quão fugazes e impotentes somos diante das grandes situações do universo, certamente teríamos menos conflitos entre nós, de todos os níveis.

Percebi que passei quase um ano inteiro em constante luto. Faz parte da realidade da vida lidar com a certeza da morte. Mas que não é fácil, ah!, nunca é fácil! Por mais que rezemos e estudemos, nunca estaremos preparados para certas situações. Após um dia inteiro pensando nisso, mentalmente extenuado, eu tive um sonho... E vou contar:

Abri os olhos e estava dentro de uma igreja, não sei qual. Tocou um sino e teve início a Santa Missa. Surgiram então, na procissão de entrada, os diáconos Benedito Pedro de Toledo, Amauri Sanches e José da Silva. Atrás deles, os padres Dom Enrico Crippa e Alexandre Alves Ferreira.

Uma bela canção preenchia o meu ouvido. Olhei para um canto e vi a Cláudia Marques cantando, com emoção e fé, como sempre fez. Que beleza! O “seu” Lázaro Sbrissa fez a primeira leitura e o João Pedro (com uma medalhinha de Santa Rita) proclamou a segunda, não antes de passar um recado para alguém no seu walkie-talkie amarelo e preto. O diácono Benedito Pedro proclamou o Evangelho, cantado. E durante a homilia fez algumas fotos, para não perder o costume.

Padre Alexandre fez a homilia, com seu jeito singular. Tudo muito simples, mas muito correto. Pregando e ensinando, incentivando os fiéis a repetirem alguns trechos, para reforçar. Conquistando a todos com seu modo de falar, despreocupado e verdadeiro. Simplicidade: o segredo do Evangelho de Jesus! Dom Enrico prosseguiu o rito da missa. Os diáconos José e Amauri prepararam o altar.

No momento da sagrada comunhão, vi a Karen Francielle aproximar-se. Já que não podia estar com seu filhinho Miguel, carregava nos braços a guerreira Valentina (filha da minha amiga Lucrécia Delboux), de apenas 14 dias, mas já nos braços do Pai. E por falar em pai, “seu” Vicente também estava na fila. Olhou para mim com aquele jeito que só ele tinha, um sorriso discreto no rosto, uma felicidade imensa estampada na cara, um óculos bifocal a disfarçar-lhe os olhos.

Monsenhor Camilo Ferrarini apareceu no final, para dar uns recadinhos. Chamou as crianças e entregou uns pacotes de balinhas como presente. A Cláudia puxou aquela música conhecida, adaptando-a: “Monsenhoooor, tem muitos filhooosss / muitos filhos ele teeemmm / Eu sou um deles, você também / E viva o Monsenhooorrr!!!”. A turminha do JACA cantava, assobiava e batia palmas com uma satisfação sem fim! O diácono José, já transformado em Ducam, apareceu também para fazer algumas graças e mágicas.

Acabada a missa, já na porta da igreja alguém cutucou-me o ombro. Olhei para trás e vi um cara cheio de alegria, praticamente gritando para mim, com entusiasmo: “Fááálaaa, fiúúúlhooo!”. Era o Edson Moraes, meu Mano Véio, de capacete na mão e seu indefectível ray-ban. Só pude dizer para ele: “Inacreditibelievable!”.

Já preocupado em voltar para casa, escuto uma buzina. Vi um Peugeot 206 e dentro dele Dom Amaury Castanho, que me disse: “Vamos filho! Eu levo você! Aonde você quiser ir, eu já estive lá!”. Embarquei e viajamos longos quilômetros rezando o Terço em latim.

Quanta emoção no trajeto, passando reto em lombadas, atravessando sinais de trânsito “no laranja” e ouvindo dele a típica frase: “Feliz era Adão: Não tinha sogra e nem caminhão!”. No meio do caminho paramos para dar carona ao Diácono João Navarro e sua esposa Nenita. Ela me contando novidades da sua “Coluna Cultural” e o esposo exclamando: “Ê, José Bonifácio!”.

Depois vieram atualidades e algumas anedotas, tanto episcopais quanto saléticas. O bispo falou: “Você aprendeu bem, filho! Já pode me substituir nisso também! Está ficando melhor, deve ser a convivência! Vai fazer muitas coisas em favor do povo de Deus... E eu tenho parte nisso!”.

Fiquei surpreso ao chegar no meu destino. Dom Amaury buzinou de novo, disse-me um belo “tchau” (tinha que ler os jornais do dia) e me largou ali. Vi então minha avó Olegária com o meu avô Thiago. Com eles estava o meu tio Elpídio. E vi também, ao lado do meu pai Vicente, o vô Edgar e a vó Maria Aparecida. Ao lado dela estava a sua xará, a mãe da Kelly, a mãe-quase-sogra que me amou e cuidou de mim muito mais do que eu jamais mereci...

Terminado o sonho, acordei. Mas será que acordei? Parece que toda aquela gente querida continuava viva no meu coração! Poisé. O mistério da vida e da morte: ninguém morre de verdade enquanto permanece vivo na nossa memória e coração!

A morte é uma passagem, dura um pouco.

A Vida, de verdade, não tem fim. Dura para sempre.

Não apenas em sonho. Mas na próxima realidade, na vida eterna!

Amém!

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