Sonho ou realidade?
Eliza viveu ao lado do pai desde a mais tenra infância. Não sabia nada a respeito da mãe, pois o pai negava-se a falar dela e ficava zangado quando ela insistia em perguntar.
O pai a amava a seu modo. Cuidava dela, vivia para ela, mas tinha muitas esquisitices. Não deixava que ela saísse de casa, tivesse amigas, sequer pensasse em namorar. Não a mandou a escola. Ele mesmo ensinou-lhe a ler e escrever.
Eliza adaptou-se a essa vida e seus dias transcorriam tranquilos e vazios. Não trabalhava, não estudava, não saia de casa.
Sem qualquer objetivo na vida, Elisa entregou-se aos sonhos e às fantasias.
Imaginou para si outra família, outra situação e, é claro, um namorado com quem se casaria um dia e teria muitos filhos.
Tudo foi plasmado em sua imaginação com todos os detalhes e ela chegava a sentir-se feliz no seu mundo imaginário.
.Alberto, o namorado era perfeito, bonito, rico, educado e muitos etcs.
Plasmou-o de tal forma em sua imaginação que ele passou a ser real para ela. Imaginar sua vida a seu lado, seu casamento com ele, o nascimentos dos filhos, a família numerosa, fazia-a feliz, mais feliz do que se fosse real, pois a realidade nunca é tão completa.
O tempo passou, o pai se foi e ela envelheceu solitária. Só Alberto permaneceu com ela animando seus devaneios e preenchendo seus sonhos.
Até que naquela noite enluarada, convite ao romance e a ousadia ela levantou-se pé ante pé deixou a casa disposta a dar uma volta pelo jardim.
Foi então que o milagre aconteceu.
Ouviu alguém chamá-la e antes mesmo que o visse sabia que era ele.
Alberto correu ao seu encontro, tomou-lhe a mão e os dois foram andando e depois volitando até perderem-se entre as estrelas.
No dia seguinte a empregada estranhando sua demora em levantar-se entrou em seu quarto.
Ela estava imóvel com um leve sorriso no rosto. A boa serviçal emocionada só pode murmurar:
— Que Deus a tenha!