Sou mulher, não quero migalhas!
Eu sou mulher!
Não quero mais as migalhas que me são oferecidas
Quero tudo que, por direito, desde o princípio, me pertence
Quero minha liberdade de volta! Quero andar pelas ruas pela manhã
À tarde, à noite, ou de madrugada, a qualquer hora, e em qualquer dia
Em todos os dias do ano, e em todos os anos de minha vida
Quero ir e vir, sem ser agredida, sem ser molestada
Sou mulher! Quero respeito! Exijo respeito!
Não quero saber de gracinhas, piadinhas de mal gosto, nem sobre loiras, nem sobre morenas
Nem sobre negras ou mulatas, e muito menos sobre altura, peso, ou forma de ser...
Não quero ser usada como objeto de piadas em facebook, instagram, youtube, ou quetais
Sou mulher! Quero ser respeitada!
Não quero mais migalhas!
Não me fale mais de programas que não funcionam
De proteção que não existe, de atendimento que não atende
Quero ser atendida em meus direitos milenares, a qualquer hora do dia ou da noite
Quero ser mãe, ou não ser...Quero ser esposa, ou não ser...Quero dar ou recusar...
Quero ser livre! Livre para escolher, escolher ir ou ficar, estudar ou não estudar
Quero escolher o tipo de trabalho que vou fazer, quero escolher minha profissão
Quero cair e quero levantar...Não importa!
Não quero ser tratada como idiota, não sou idiota! E muito menos dondoca
Não quero ser serviçal, e muito menos ser servida.
Faça-me o favor, não me trate como criança. Não sou criança, sou mulher!
Sou mulher menina, mas mulher, mulher mocinha, mas mulher!
O dar e o receber precisam, sempre e sempre, fazer parte da mesma moeda
Que não se tolham meus movimentos, saco!
Sei dirigir, sei cozinhar, sei cuidar de meu espaço, de minha empresa, de minha vida, enfim
E sei, muito bem, cuidar de meus filhos
Cada um cuidou do seu do jeito que quis, eu quero cuidar dos meus, e do meu jeito
Quer ajudar? Deixa que eu te peça!
“Não me dês nada que ao fim, eu não mereça”
Quero errar e acertar, mas, e fundamentalmente, quero ser livre
Livre para tentar, livre para experimentar, para cair e levantar
Quero ter minhas próprias experiências, minhas próprias descobertas
Meus erros e meus acertos, mas quero saber que eu sonhei, eu fiz, e eu conquistei
Não quero deixar dúvidas sobre minhas conquistas
Lembre-se sempre, eu sou mulher! E sou consciente!
Que não se amarre minhas mãos, que não se sacaneie minhas iniciativas
Não sou inútil! Sou mulher, e sou útil!
Não me sirva sem que te peça, não me dê comida na boca, não sou incapaz...
Sou muito capaz! Sou mulher! Sou mais eu.
Por favor, não me venha com flores em março e agressões em abril
Não me venha com paparico em maio e desrespeito em junho
Conheço meus direitos, e quero respeito. Sou mulher!
Não me venha com férias em julho e serviço triplicado o ano todo
Não me fale de primavera em setembro, de direitos da mulher em outubro
Para depois me tratar como idiota em novembro e dezembro...
A cada janeiro quero um ano novo, novinho em folha
Quero sonhar meus sonhos, meus próprios sonhos, não os de outrem
Quero fazer meus planos e realizar meus sonhos
Caindo, levantando...Mas por minha conta, não apoiada em alguém
Não preciso de muleta! Não preciso!
Sei andar por minhas pernas, sei usar meus braços e sei usar minha inteligência
Não sou incapaz! Sou mulher!
Quero alguém para andar ao lado, não para me carregar no colo...
E não quero carregar ninguém! O fardo é muito pesado...
Quero dividir as conquistas, falar das flores que encontrei pelo caminho
Do perfume da manhã, das inúmeras auroras que conheci, do raiar do sol na praia
Que, sim, falar de mim, mas só ser ouvida...Não preciso de direção, sei para onde vou
Preciso da mão amiga, do ouvido amigo, do colo sereno, não do colo que amarra, que tolhe
Sou mulher! E sou capaz!
Quero dar e receber na mesma intensidade, nem mais, nem menos, e intensamente...
Quero dançar no mesmo passo, e no mesmo compasso, senão a dança é de um passo só
Não sou serviçal de marido, de filhos, de amigo, namorado ou amante, sou mulher!
Estarei sempre para dividir, não para servir à sacanagem machista...
Não eduque seus filhos para ter uma serviçal, mas uma companheira
E não os eduque para ter uma dondoca, mas uma amiga, uma mulher ao seu lado
E, por favor, por favor, não me eduque para ser serviçal, muito menos para ser servida...
Sou mulher! Sou mais eu!
Deu para entender, ou quer que desenhe?
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