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Publicado: Sábado, 16 de janeiro de 2016

Super herói

Super herói
Escultura do artista Victor Brecheret

De cócoras no topo da torre da igreja, observava a cidade noturna transpirando seu habitual asco. Do alto dos postes, as luzes alaranjadas da cidade, que não conseguiam iluminar tudo, queimavam seu filete acolhendo os excessos que as bodegas vomitavam para a rua; o arroto dos insaciáveis nas calçadas das pizzarias; as mães prostitutas do fim da alameda; dentre outros. Em sua avaliação, naquela noite tinha algo de estranho acontecendo, porém, enfraquecido, ele não conseguia vislumbrar. Ajustou os olhos para refinar a varredura, mas a garoa estava mais intensa e nada novo era possível perceber. Quando avançada a madrugada, o comércio fechou suas portas e o crime saiu vitimar os incautos. Encurralada na parede da matriz, a mocinha gritou. Ele viu. Encharcada, a capa estava pesada, então a trouxe ágil para frente e torceu extraindo-lhe a água. Depois apertou a máscara no rosto e saltou. No dia seguinte, um homem morto com roupa de herói sensibilizou até o crime, que tirou a noite de folga.

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