Talvez eu morra antes do horizonte...
Constantemente, sendo política ou outro o tema da discussão, à mesa do bar, nas grandes rodas de debates ou no dia-a-dia, falando com outros ou consigo, o ser humano tem a mania, o hábito, de reclamar. E de que raios reclamamos se não do que os outros não se dão ao trabalho de fazer direito? (Pois, convenhamos, não costumamos cobrar ou exigir de nós mesmos nada que valha a pena relatar aqui). No entanto, apesar de saber que é mais fácil e cômodo apontar defeitos alheios que próprios, devíamos, pelo menos, nos dar ao trabalho de ver se nós mesmos fazemos nossa parte no que se trata da situação julgada como insatisfatória. Se fazemos, ótimo. Julguemos os outros responsáveis (ou irresponsáveis) pelo problema. Se não, calemo-nos e tomemos vergonha na cara, pois a culpa também é nossa. O que inviabiliza qualquer espécie de crítica ou revolta.
Entendido isso, o fato de continuamos a dar murros em pontas de facas, das mais variadas origens, é o meio mais prático para que nada dê certo. É impossível conquistarmos coisas diferentes tomando sempre a mesma atitude, a mesma direção nunca nos levará a destinos diferentes. É ridículo insistir na indiferença! E é ainda mais ridículo eu tentar escrever previsões sobre o Brasil pós eleições 2010, sendo elegido Serra, Dilma, Marina, Bozo ou afins. É ridículo, porque o povo brasileiro não se interessa, não se importa, desde que seu salário suba de vez em quando (mesmo que não acompanhe a inflação e que o preço da gasolina seja um desrespeito) e que certos problemas fiquem exatamente onde estão: no Nordeste, favelas, na cidade vizinha, na casa da frente...
Certamente, já os irritei o suficiente com esse papo de gostar de política. Acontece que eu entendo vocês, já odiei essa coisa estranha da qual não entendemos nada! Já detestei cada sílaba pronunciada sobre, em casa, escola ou TV. Afinal, temos a necessidade de repudiar o que não entendemos, fica mais simples definir nossa falta de interesse e dedicação como falta de afeto por certo tema.
Logo, e obviamente, o meio mais simples de gostar de alguma coisa é compreendê-la.
Você não gostaria mais de matemática se entendesse tudo o que o professor explicasse e conseguisse aplicar o aprendido no seu cotidiano, de modo prático e simples, mas eficiente? (Eu sim, mas como não dei certo com a matemática, fui fazer Jornalismo).
Quem concorda com o problema matemático, tem obrigação de estudar (e quando digo estudar não quero dizer engolir livros e mais livros, nem virar PhD) política. Só pra tentar entender como funciona, pra que serve, cada cargo, cada Poder. Nada que possa te trazer benefícios (legais, veja bem, porque quando falo de política não penso nem por um momento em politicagem ou nos ridículos folgados corruptos que veem na política um meio fácil de ganhar dinheiro sem fazer quase nada) deve ser assim tão ruim.
"Talvez eu morra antes do horizonte..." (Cecília Meirelles)
Sim, talvez eu morra antes do horizonte, antes de alcançar aquilo que eu quero, meu destino. Mas nem por isso, desistirei. Desistentes nunca vencem e vencedores nunca desistem, é a lei.
* Leia também o texto "Recomeço", em http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=17263.
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- jaqueline rosa