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Publicado: Terça-feira, 24 de abril de 2012

Tango

O Tango, dentre os gêneros musicais populares do Cone Sul, é o que resume mais profundamente a história sociocultural desta região. Esta música e dança, de tipo ligeiro, muito em voga nos recintos de baile e diversão, nasceu no final do século XIX, na década de 1880, nos subúrbios de Buenos Aires, Argentina, e também em Montevidéu, Uruguai. Como um amálgama de ritmos europeus, africanos e gauchos, o Tango é derivado das formas musicais dos imigrantes italianos e espanhóis, dos crioulos descendentes dos conquistadores que já habitavam os pampas e de um tipo de batuque dos negros chamado “Candombe”. Também há indícios de influência da “Habanera” cubana e do “Tango Andaluz”.

No princípio, nascido como expressão folclórica das populações pobres, o Tango esteve associado com bordéis e cabarés, âmbito da população imigrante predominantemente masculina. Como só as prostitutas frequentavam esses locais, consta que, no início, era comum que o Tango fosse dançado por dois homens. Mais tarde, o Tango extrapola as fronteiras das zonas baixas e de seus ambientes próximos, estende-se também aos bairros proletários e é aceito nas "melhores famílias", principalmente depois de fazer sucesso em Paris.

Carlos Gardel foi o inventor do chamado tango-canção, cuja fase se inicia em 1917, quando Gardel cantou Mi Noche Triste. A data é considerada um marco importante para a história do Tango, uma vez que o mesmo deixa de ser apenas dança, para transformar-se também em canção. O apogeu do Tango se deu por meio de sua estrela maior, Carlos Gardel, falecido quase duas décadas depois, em 1935, aos 45 anos de idade, em um acidente aéreo.

Nos anos 60, o gênero permanece ignorado fora da Argentina, ressurgindo depois renovado por Astor Piazzolla, que lhe deu uma nova perspectiva. Rompendo com o Tango tradicional, Piazzolla deu-lhe uma nova leitura, como com influências de Bach e Stravinsky, bem como outras do Cool Jazz. Nessa época o tango passa a ser executado com alto grau de profissionalismo musical, e suas letras passaram a ser mais líricas e sentimentais. Assim, hoje o tango é um dos elementos identificadores da alma portenha.

O tango é uma dança do desejo, é a sedução feita em movimento, um encontro de dois mundos. É um bailado exibicionista, esteticamente belo, rondando sem temores o universo do lúdico. O casal de baile roça seus sapatos entre sensuais carícias, enquanto o atônito espectador, eterno voyeur, se fascina com o ardor do implícito romance entre os dançarinos. Por fim, diz-se também que o tango é uma forma de estar na vida, uma linguaguem da alma.

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