Técnicas e a Construção do Patrimônio
O Patrimônio Arquitetônico de Itu é formado por um conjunto de edificações que datam desde finais do século XVIII, que refletem o processo econômico, político e social pelo qual passa a Vila e depois Cidade de Itu.
Entre finais do século XVIII e meados do século XIX a Vila de Itu, devido ao enriquecimento proporcionado pela economia açucareira, passa a ter construções de várias casas de sobrados, especialmente, concentradas entre as atuais ruas Paula Souza e Praça Padre Miguel.
Essa área, já existente desde o início do século XVII, foi definitivamente estruturada pela aplicação do capital açucareiro nos séculos XVIII e XIX, sendo transformada, através da construção de sobrados, de reformas dos edifícios religiosos e da organização das áreas públicas, em um dos exemplos da materialização da riqueza do açúcar.
Igrejas que estão presentes do “centro histórico” da cidade como o da Candelária, do Carmo e Capela de Santa Rita nos dão informações preciosas não apenas da riqueza materializada nas ornamentações dos altares e imagens sacras, observáveis através de uma visita, mas também, essas edificações são documentos que podem resgatar a “arte de construir” daquele período: como as taipas de pilão, o pau a pique, os entalhamentos em madeira, o trabalho dos marceneiros, enfim, técnicas que foram esquecidas e deixaram de ser praticadas atualmente. Visitar essas igrejas é também olhar para o passado, para a História das Técnicas construtivas.
Essa mesma observação pode ser feita para os conjuntos de casarios que ainda estão presentes na Praça Padre Miguel, muitos desses, em substituição aos sobrados que ali existiam.
Em meados do século XIX, quando o café fez a fortuna de fazendeiros do Oeste Paulista, muitos ituanos transferiram seus capitais para essa economia comprando terras no Oeste Paulista e formando cafezais, enquanto outros passaram a investir na agricultura do algodão, comercio e, posteriormente, na indústria, que também refletiu na feição da cidade.
Desse período, podemos destacar, principalmente, a construção da Fábrica São Luiz, que se destacava na paisagem urbana pelo pioneirismo de ser uma edificação fabril, com seus salões de máquinas e chaminé anunciando a presença da energia a vapor, como também, pela alvenaria de tijolos, técnica “moderna” para a época de sua implantação em 1869.
Assim, olhar para o conjunto edificado dessa cidade é também olhar para as técnicas construtivas empregadas, desvendando as mãos escravas e livres que participaram desse processo urbano.