Publicado: Sábado, 15 de novembro de 2008
Tempo, Minutos e Segundos . . .
De fato. Imagine-se o cidadão, aquele “felizardo” que tem emprego, a levantar-se diariamente, cumprir uma jornada de sua casa (que muitas vezes nem é dele) rumo ao trabalho, para no final vencer um salário mínimo ou pouco mais que isso. E ainda por cima gira por aí um refrão de que o ideal é a pessoa fazer o que gosta. Colocações remuneradas a esse soldo, magro e irreal, giram em torno dos serviços de pouquíssima atração, no mais das vezes tremendamente rotineiro.
Deixe-se, porém, esse exemplo exacerbado de vida monótona. É que, no fundo, num país das maiores concentrações de renda no mundo, esses casos constituem a maioria. Sim, um grosso pelotão de brasileiros vive desse modo, apenas para poder sobreviver. No fundo, não vivem.
Não.
Vamos aos mais qualificados.
Classes mais favorecidas um pouco, bem como a dos privilegiados, tudo isso para abrir mais o leque de abrangência e não ser perder tempo. Por falar em tempo, lembram-se de quando se usava a clássica divisão dos habitantes em apenas três classes? Rica, média e pobre.
Época em que predominava, em quantidade, a classe média. Como seria hoje esse quadro? Pouquíssimos, de tão poucos a se poder contar nos dedos, os a deter e concentrar o bolo maior das riquezas. Logo em seguida, também muito favoravelmente postos na vida. Olha o terceiro grupo: os que ainda se proporcionam vida bem razoável. Têm carro, às vezes mais do que um, viagens nas férias, comida farta, casa confortável. O time que desponta no quarto lugar, este se constitui num percentual bem sugestivo da população. Exatamente o de número quatro. Desfrutaram de dias melhores e tiveram que apertar o cinto. Sofrem muito mais, porque precisam manter as aparências. Não podem mais acompanhar aqueles amigos que, na divisa entre o terceiro pelotão e o quarto, se ajustaram naquele. O padrão de vida decresceu, mas certos hábitos e a freqüência a determinados lugares os obrigam a dispêndio que os consome a pouco e pouco. Entra agora a fatia ainda maior dos que nem mais reclamam. Fatia número cinco. Chegam a ter um teto, mesmo humilde. Comem e bem do trivial, sem nenhum exagero. Vestem-se de roupa limpa, sem grife porém. Admita-se que vivem, não a ponto da mera sobrevivência. E, no fim da fila, aquela imensa multidão de brasileiros enunciada no preâmbulo. Brasileiros que vegetam.
As antigas classes A, B, C, de três, viram-se subdivididas em seis, com o advento das classes C, D, E.
A grosso modo, hipoteticamente, pois, seis classes talvez: Afortunados, Ricos, Bem de Vida, Equilibristas, Conformados, Marginalizados.
Tem remédio?
E se a gente disser que tem?
Em qualquer dessas faixas – pois ironicamente todas elas enfeixam igualmente indivíduos infelizes – a excelência de vida será descoberta uma vez estabelecida a primazia do espírito.
No ápice deste ideal – viver e ter alma, sabedoria de pouquíssimos – viria o cultivo de uma religião séria e assim assumida. No segundo degrau dessa escada, a capacidade de olharem-se os homens para dentro de si e de se desapegarem tanto quanto possível daquilo que seja material. Impossível descartar os aspectos materiais porque enfim temos um corpo que necessita beber e comer. Mas não reside aí o essencial. Esse aspecto simplesmente acontece e por si mesmo.
Importa dar sentido aos seus atos. Permitir o predomínio da inteligência. Racionalizar as coisas e determinar suas preferências. Hierarquizá-las cuidadosamente. A partir do seu valor e do seu significado espiritual.
A crônica foi inspirada numa mensagem de alguns anos, em conhecida revista. Leitura que se recomendaria repetir de tempos a tempos. Vai em seguida.
“Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde. Infelizmente às vezes não perceb
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