Publicado: Terça-feira, 24 de outubro de 2006
Transformismo e Fixismo
As idéias transformistas, que desde muito cedo tendiam a generalizar-se na consciência humana, começaram também, desde logo, a encontrar oposição em um outro tipo de pensamento que provavelmente surgia como medida de preservação do poder, emanado da vontade Divina, sendo imutável. Desse inconveniente interesse em manter o poder ter-se-ia originado um outro conceito de universo denominado fixismo, o qual, essencialmente, considera que tudo o que existe na natureza foi assim criado, de forma inalterável, por um Ser Supremo, seguindo um plano inicial, derivado exclusivamente de Sua vontade. O conceito fixista, no decorrer do tempo, foi se "oficializando", por imposição das leis e das religiões. Por isso, os reis e os nobres sempre sustentaram a classe sacerdotal e lhe deram prestígio. O fixismo representou um grave retrocesso na ciência humana. Esta admitia como únicas transformações sofridas pelo planeta, desde sua criação, aquelas mencionadas por Moisés, na Bíblia sagrada, como o dilúvio universal, provocado por intervenção direta do Criador. A Terra passou a ser considerada um corpo fixo, imutável e plano, ao contrário do que já haviam demonstrado os gregos mais de mil anos antes.
As idéias fixistas, oficializadas, condenaram Galileu, no século XVII, e vários outros pensadores, por se aventurarem a questionar a imutabilidade da Terra e dos astros no espaço. É interessante observar que, já em pleno século XVIII, na França, pouco antes da Revolução Francesa, o filósofo Voltaire, um dos grandes defensores da liberdade de pensamento, teve que fugir e exilar-se várias vezes, receando ser encarcerado ou condenado à fogueira, por heresia, quando condenava os excessos do poder real ou da Igreja, ou quando defendia as novas teorias científicas de Newton. Tudo isso demonstra a existência, então, de um enorme aparato filosófico e legal, destinado a proteger as oligarquias, contra o acesso das categorias sociais que não haviam sido privilegiadas pela Providência Divina, e que uma questão fundamental, da qual não se podia abrir mão nessa política, era a concepção fixista da natureza. A Revolução Francesa representou um movimento de transformação do pensamento social, abolindo, principalmente, o direito hereditário ao poder e aos feudos, até então considerado de origem divina, iniciando um processo de revisão do conceito fixista. O poder deixou de ser divino, passando das mãos da nobreza para as dos grandes produtores, que formavam a nova classe dos industriais, surgida com a criação das primeiras máquinas. Nesse período, conhecido como Revolução Industrial, qualquer um, em princípio, podia tornar-se industrial e adquirir poder, mesmo que não fosse "eleito de Deus", o que contrariava mortalmente o determinismo fixista.
As idéias fixistas, oficializadas, condenaram Galileu, no século XVII, e vários outros pensadores, por se aventurarem a questionar a imutabilidade da Terra e dos astros no espaço. É interessante observar que, já em pleno século XVIII, na França, pouco antes da Revolução Francesa, o filósofo Voltaire, um dos grandes defensores da liberdade de pensamento, teve que fugir e exilar-se várias vezes, receando ser encarcerado ou condenado à fogueira, por heresia, quando condenava os excessos do poder real ou da Igreja, ou quando defendia as novas teorias científicas de Newton. Tudo isso demonstra a existência, então, de um enorme aparato filosófico e legal, destinado a proteger as oligarquias, contra o acesso das categorias sociais que não haviam sido privilegiadas pela Providência Divina, e que uma questão fundamental, da qual não se podia abrir mão nessa política, era a concepção fixista da natureza. A Revolução Francesa representou um movimento de transformação do pensamento social, abolindo, principalmente, o direito hereditário ao poder e aos feudos, até então considerado de origem divina, iniciando um processo de revisão do conceito fixista. O poder deixou de ser divino, passando das mãos da nobreza para as dos grandes produtores, que formavam a nova classe dos industriais, surgida com a criação das primeiras máquinas. Nesse período, conhecido como Revolução Industrial, qualquer um, em princípio, podia tornar-se industrial e adquirir poder, mesmo que não fosse "eleito de Deus", o que contrariava mortalmente o determinismo fixista.
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