Publicado: Sábado, 9 de junho de 2007
Transplante de Virtudes
Fala-se muito em transplantes nos dia de hoje. A fila dos que esperam transplante de algum órgão humano (coração, fígado, rins, etc) ou apenas parcelas (córneas, pele, medula etc), é imensa e a propaganda para que apareçam doadores ou, ao menos se disponham a doar, vem sendo intensificada.
Acontece que doar parte do próprio organismo em vida constitui um ato heróico ou de santidade que, induvidosamente, a maioria não tem disposição para tanto ou não pretende fazer. Depois de morto, creio que extrair partes aproveitáveis de um cadáver poderia ser admitido, se não apresentar inconvenientes.
Todavia, o morto não podendo se manifestar, compete à família dar a devida autorização, o que só acontecerá com espíritos bem formados e de grandeza espiritual.
Já em virtudes quase não se fala. A virtude não representa um bem, um aperfeiçoamento a que todos deveriam aspirar? Nessa civilização prática, dominada pelo economismo não seria de admirar que eventuais interessados em virtudes pensassem em compra-las ou até encontra-las para transplante, através de desprendidos doadores...
Mas, na verdade, as virtudes estão ao alcance de todos, sem quaisquer discriminações (pobre, rico, velho, moço, criança, jovem, saudável, enfermo, deficiente, negro, amarelo, branco, gordo, magro e assim por diante) e de graça. Quem quiser adquirir virtudes é só orientar-se como fazer e ir em frente.
Nota-se aí a superioridade do espírito sobre o corpo. Enquanto que para curar as enfermidades da alma (seria melhor dizer o pecado, os defeitos, os vícios), basta o próprio querer efetivo, para as doenças do corpo pode haver necessidade da ajuda de terceiros, ou seja, de doadores, o que complica tudo barbaramente.
O homem, porém, sobretudo nessa época atual, de máximo avanço tecnológico, parece não se redescobrir ou se reencontrar com a virtude. Todavia, o acendrado amor à virtude, ensejando o seu cultivo, seria o caminho para o ambicionado aumento da doação de órgãos e assemelhados para os tão aguardados transplantes.
Campanhas pura e simples para doações de órgãos jamais atingirão seus objetivos, porque sem virtudes e elevação de espírito, o homem continuará sendo super egoísta pouco se interessando em ser útil ao próximo, inclusive sob esse aspecto.
Finaliza-se com a observação de que precisamos cuidar mais da alma que do corpo. No aperfeiçoamento anímico, com a florescência das virtudes, imerso na abundância espiritual, não deverá faltar ao homem generosidade para ajudar o próximo com mais eficiência e presteza, inclusive no equacionamento desse delicado problema de doação de órgãos.
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