Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 11 de julho de 2007

Turismo Temático: roteiro de emoções

Crédito: eFe! Turismo Temático: roteiro de emoções
Espantalho Eufrásio, na Fazenda do Chocolate
Quando falamos em Turismo Receptivo estamos falando, basicamente, de quatro pontos básicos: boa rede hoteleira, gastronomia diversificada, bons prestadores de serviço, e atrativos bem conservados. Este conjunto é decisivo para influenciar na decisão de voltar ou não ao destino, de comentar bem ou mal sobre as férias. São as necessidades básicas do turista, e a elas é que temos de atentar quando consideramos o desenvolvimento turístico.
 
Porém, outro fator importante, é o poder de atração que uma determinada cidade exerce nos Pólos Emissores, ou seja, nas cidades que mais enviam turistas. No caso de Itu, estamos muito bem servidos. A localização estratégica da cidade é capaz de atender, rapidamente, os visitantes de Campinas, Sorocaba, Piracicaba, e, principalmente, da grande São Paulo, nosso principal cliente. Isso se deve graças à malha viária que nos cerca: Rodovia Castello Branco, a Anhanguera, Bandeirantes, enfim, corredores em ótimo estado de conservação.
 
Esse poder de atração é definido, na realidade, por um grande conjunto de fatores, alguns deles de ordem motivacional do provável turista. O estresse vivido nos grandes centros urbanos é um dos aliados da atividade turística, afinal, o cotidiano cada vez mais estafante (e chefes cada vez mais autoritários), faz crescer a necessidade das pessoas aproveitarem o tempo livre para viver novas realidades, buscar raízes, ou, puramente, descansar bem longe de tudo, e de todos, enfim, sós.
 
Contudo, as localidades com maior experiência, digamos assim, sabem que nesta disputa para cativar o seu turista, sobrevivem somente os mais preparados. Não é mais satisfatória a figura do guia tradicional, que mostra os atrativos, e nem sempre consegue interagir com a expectativa dos visitantes. Apenas desabar um mundo de nomes e datas sobre os turistas, não é, com certeza, a melhor maneira de motivar o visitante. Para não ver sua atividade afundar no esquecimento, as cidades têm buscado novas alternativas, e diversificado cada vez mais os seus atrativos, ou seja, os prováveis motivos que levam as pessoas a escolherem aquela cidade e não outra. É uma briga das boas. Quanto mais, e melhores motivos, mais turistas – e quanto mais turistas, mais dinheiro circulando na cidade – esta é a fórmula que enche os olhos dos administradores públicos.
 
No caso de Itu, devemos muito a Francisco Flaviano de Almeida, conhecido por Simplício. O ator ituano, nascido em 1916, talvez não entendesse nada sobre o Turismo Temático, fluxo turístico, nem nada disso. Porém, ele foi o grande responsável pela Fama dos Exageros, até hoje, um dos principais atrativos da cidade. Seu quadro humorístico na TV culminou na instalação do Orelhão de Itu, entregue por Higino Corsetti, Ministro das Telecomunicações, no ano de 1973, e inserindo-a assim, no cenário das cidades mais visitadas do interior paulista. Claro, a curiosidade foi o grande fator motivacional, um trunfo valioso que rendeu o título de Estância Turística em 1979.
 
O Turismo Temático, portanto, é aquele tipo de atividade turística capaz de recriar situações do passado, de outras civilizações, ou até mesmo, inventando um universo paralelo, como é caso do Parque Temático Hopi Hari (na região de Vinhedo), e do conhecido Fantástico Mundo de Beto Carreiro (em Santa Catarina). Na Europa, esse tipo de turismo é muito apreciado e comum. Em Castelos Medievais, em determinadas regiões, atores recriam com suas vestes, e dialetos, situações vividas por seus antepassados – para deslumbre de milhares de turistas. Este diferencial tem alto poder de atração, e encanta seus visitantes. Há pouco tempo, tive o prazer de estar em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, acompanhando um grupo de estudantes universitários. A viagem teve seu ponto mais encantador durante o passeio de trem, onde música, alegria, e teatro faziam parte do itinerário, tudo sob uma ótica da imigração. Os italianos podiam ser vistos por toda parte, falando, chamando para dançar, contando piadas, foi realmente, entusiasmante, tanto, que pouco interessaram a vista para o lado de fora do trem, uma experiência transformadora.
 
Desta forma, Itu também segue pelo mesmo caminho. O Turismo Temático pode ser mais uma alavanca para o turismo regional se desenvolver, e resgatar a importância de seu patrimônio. O Tur Caipira, conduzido pelo caipira Timóteo, é um dos grandes pioneiros na região, juntamente, com o Roteiro História Viva, desenvolvido em 2004 pelo historiador Valderez Antônio da Silva (atual Secretário de Turismo e Cultura de Salto). Tive a satisfação de integrar a equipe das duas iniciativas, e me lembro bem dos olhos atentos dos turistas espantados com a cena em que Anhanguera, o Diabo Velho, ameaçava os índios do Mato Grosso de atear fogo nas águas dos rios. Ou também, de quando os republicanos eram encantados pelos véus da Liberdade, em cena realizada no Museu Republicano diante de todos. Aliás, no Tur Caipira, inesquecível o passeio de trator por entre os matacões da Fazenda Limoeiro, e a visão de uma intrigante figura, vestida de branco, que apimentava os causos de assombração do caipira Timóteo, além, é claro, do animado casório, e a manguaceira engraçada do compadre na Fazenda Pirahy.
 
Os roteiros citados foram pioneiros, e inspiram novas correntes que diversificam a atividade. Na Fazenda do Chocolate, para as quase 7000 crianças que realizam o roteiro de Turismo Pedagógico por ano, o Turismo Temático é sentido na pele. Um engraçado, e desajeitado espantalho, chamado de Eufrásio, interage com os alunos tentando impedi-los de entrar em sua horta. Tudo isso porque o boneco acredita que todos que se aproximam dalí são passarinhos. A história encanta as crianças, e facilita a introdução de temas, como: Agricultura Orgânica, e até mesmo Português. Para os visitantes da mesma fazenda, mas do público da Melhor Idade, nada de roupas diferentes ou fantasias. O Turismo Temático já interfere na linguagem utilizada pelos guias e monitores. De forma sutil, a explanação é realizada de forma a despertar emoções nos participantes, principalmente, quando o tema trata dos Escravos Africanos, e da Imigração Italiana. Com tom teatral, ora dramático, ora humorístico, a certeza é de um passeio sempre divertido, empolgante, e inesquecível.
 
São essas novas visões do Turismo que alteram, e deixam tão interessantes a ati
Comentários