Um basta ao racismo - mas da maneira certa
Mário Lúcio Duarte Costa sempre foi conhecido por Aranha, mas ontem teve que aturar parte da torcida do Grêmio o chamar de “macaco”. O goleiro do Santos, no exercício de sua profissão durante confronto pela Copa do Brasil, foi vítima de mais um triste episódio de racismo, algo que já virou rotina no mundo do futebol. Precisamos dar um basta a isso.
Sou torcedor também. Sei que os ânimos dentro de um estádio de futebol ficam exaltados – ainda mais quando sua equipe está perdendo, como foi o caso do Grêmio na noite passada, derrotado por 2 a 0 dentro de casa para o time de Aranha. Porém isso não pode ser usado como desculpa ou justificativa para que um ato covarde como esse ocorra.
Recentemente tivemos o caso de Daniel Alves, que com certa irreverência soube contornar o racismo ao comer as bananas atiradas nele. Forçando um pouco mais a memória, lembramos daquele episódio entre Grafite – então no São Paulo – e Desábato, do Quilmes, durante partida da Copa Libertadores, que acabou parando na delegacia.
Infelizmente atos racistas continuarão ocorrendo se algo drástico não for feito. Quem for flagrado cometendo tal injustiça precisa ser identificado e terminantemente banido dos estádios de futebol. Também sou favorável que o clube sofra algumas sanções, pois quem sabe se “cortando na carne” esses preconceituosos aprendam.
Porém, é necessário racionalidade nesses casos. O que não ocorreu no caso do goleiro Aranha. Assim que identificaram a garota flagrada chamando o atleta de “macaco”, a internet (que hoje funciona como uma espécie de milícia virtual) foi atrás de perfis dela em redes sociais. Ela passou a ser insultada e ameaçada. Um erro.
Preconceito não se combate com mais preconceito. Violência não se combate com mais violência. Precisamos de serenidade, mas sem sermos inativos. Atos racistas devem ser coibidos, porém da maneira certa. Devemos ser superiores a tudo isso, pois só assim conquistaremos uma sociedade mais justa e livre desse câncer chamado racismo.